“Nós não podemos admitir que haja chantagem, que haja medo ou que se queira causar alarme social e pânico nas pessoas com o objetivo claro de beneficiar os partidos que neste momento estão no poder, seja para benefício próprio, seja para continuar a promiscuidade e que haja os favorecimentos que todos nós temos assistido no meio deste megaprocesso”, afirmou Paulo Cafôfo.
O presidente do PS regional falava aos jornalistas depois de uma reunião com o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, no Palácio de São Lourenço, no Funchal.
“O Partido Socialista veio aqui, a pedido do representante da República, para manifestar a sua opinião relativamente àqueles que devem ser os passos a seguir mediante esta crise política. E a nossa posição é que é absolutamente necessário, imperativo mesmo, que haja eleições antecipadas e que a região tenha, na sequência das eleições antecipadas, nos respetivos prazos constitucionais, um novo Governo”, indicou Paulo Cafôfo.
O socialista acrescentou que não pode “admitir que se lance para a opinião pública que a Madeira vai parar, que as pessoas não vão ter salários, não vão haver reformas para as pessoas, as obras vão todas parar, está comprometido o PRR e estão comprometidos os fundos comunitários”.
“Não, a Madeira não parará por não ter um Orçamento nem parará por ter um Governo de gestão. Aliás, o único responsável de não termos orçamento é o PPD/PSD. Não quiseram, como desejaria o senhor representante da República, que este orçamento fosse aprovado antes da efetivação da demissão do Miguel Albuquerque enquanto presidente do Governo”, sustentou.
Paulo Cafôfo apontou que “a maioria dos madeirenses quer que haja eleições, a maioria dos partidos querem eleições e mesmo dentro do próprio PSD há quem queira eleições, como é o caso do ex-presidente do Governo Regional e do PSD/Madeira, Alberto João Jardim”.
O líder socialista disse ainda que a região tem assistido, desde que começou a investigação sobre suspeitas de corrupção na Madeira, há duas semanas, a uma “desorientação e instabilidade” por parte dos partidos da maioria, referindo-se à coligação PSD/CDS-PP, que lidera o executivo regional, e ao PAN, que assinou um acordo de incidência parlamentar depois das últimas eleições legislativas regionais.
“E, portanto, a única forma que existe de garantir estabilidade e de devolver confiança ao povo são eleições antecipadas. E não temos de ter medo de eleições antecipadas, elas são a melhor forma de pôr a democracia a funcionar”, insistiu.
Na quarta-feira, o representante da República começou a ouvir os partidos com assento na Assembleia Legislativa, na sequência da exoneração, na segunda-feira, do presidente do Governo Regional e consequente demissão do executivo, após Miguel Albuquerque (PSD) ter sido constituído arguido no âmbito de uma investigação a suspeitas de corrupção na Madeira.
Depois desta ronda de audiências, o representante tomará a decisão sobre a situação governativa da Madeira, uma vez que o Presidente da República só pode intervir no processo a partir de 24 de março, quando a Assembleia Legislativa cumpre os seis meses de posse legalmente exigidos.
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