"Consegue o ministro da Saúde verbalizar, com um toque de verdade, das razões para tal decisão e dos argumentos para preterir outras cidades portuguesas? Será que alguma outra opção foi sequer considerada", questionou o deputado e vice-presidente da bancada do PSD Miguel Santos, no arranque de uma interpelação do seu partido ao Governo na Assembleia da República sobre saúde.

Em tom crítico, o deputado do PSD questionou Adalberto Campos Fernandes se "o facto de o Infarmed estar com o seu terceiro presidente" em ano e meio "constituirá um bom cartão-de-visita para esta candidatura".

Na sua intervenção inicial no parlamento, o ministro da Saúde não se referiu à polémica relacionada com a candidatura de Lisboa à Agência Europeia do Medicamento, mas respondeu a esta última questão, dizendo que "o Infarmed não teve três presidentes".

"Teve um que se demitiu e foi para secretário de Estado [Eurico Castro Alves, no último executivo PSD/CDS-PP] e outro que se reformou pela lei natural da vida", afirmou Adalberto Campos Fernandes.

Nos últimos dias, algumas cidades questionaram a candidatura de Lisboa a esta agência europeia, nomeadamente o Porto, tendo sido divulgada na terça-feira uma carta do primeiro-ministro dirigida ao presidente da Câmara Rui Moreira.

Nesta missiva, António Costa justificou que decidiu candidatar Lisboa para acolher a Agência Europeia do Medicamento (EMA) por "ser fator de preferência a existência de Escola Europeia, que só Lisboa poderá vir a ter", bem como a "conveniência da proximidade do Infarmed".

No arranque da interpelação, o PSD acusou o Governo de estar a aumentar os défices no setor da saúde e estar a desagregar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) quer em resultados financeiros quer assistenciais, visão negada pelo titular da pasta.

"Em pouco mais de ano e meio, provámos ser possível conciliar rigor orçamental com prestação social", afirmou o ministro da Saúde.

Na sua intervenção, o social-democrata Miguel Santos disse que "desde que a extrema-esquerda tomou o poder, o investimento público no SNS caiu para metade, os pagamentos em atraso dos hospitais públicos quase duplicaram e as dívidas aos fornecedores do SNS aumentaram em centenas de milhões de euros".

"Os resultados da vossa governação são maus e fazem temer pelo futuro. Portanto o que fazer? Persistir nos erros, continuar esta política de ocultação dos problemas, sem planeamento, sem orientação estratégica?", questionou o social-democrata, salietando que défices anuais no SNS de 600/800 milhões de euros "eram a marca dos Governos de José Sócrates".

Na resposta, Adalberto Campos Fernandes disse que em matéria de saúde "não há lugar para factos alternativos", contrapondo com a contratação de 4000 novos profissionais desde o início da legislatura e a intenção de mais contratações de médicos e enfermeiros para breve.

Num balanço dos primeiros 18 meses no setor, o ministro sublinhou que o SNS registou o melhor saldo dos últimos anos e defendeu a opção do Governo pela valorização dos recursos internos da saúde em detrimento da contratação externa de tarefeiros.

"Em pouco mais de ano e meio, os portugueses reconhecem bem as diferenças e começam a sentir os seus resultados, até ao final da legislatura prosseguiremos o investimento equipamentos mas sobretudo capital humano", assegurou Adalberto Campos Fernandes.

[Notícia atualizada às 16:13]