Milhares de pessoas saíram hoje às ruas do Paquistão para se manifestarem contra o assassínio do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por Israel, cujo “crescente aventureirismo” Islamabad condenou.
“O Paquistão condena veementemente o crescente aventureirismo de Israel no Médio Oriente”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês em comunicado veiculado hoje e citado pela agência de notícias AFP.
“O ato imprudente de matar o Secretário-Geral do Hezbollah no Líbano constitui uma escalada importante numa região já de si volátil”, acrescenta o mesmo comunicado.
Cerca de 4.000 pessoas reuniram-se em Islamabad, capital do Paquistão, e cerca de 3.000 na cidade portuária de Karachi, em marchas e orações organizadas por grupos xiitas em memória de Hassan Nasrallah, o homem que era considerado o mais poderoso do Líbano.
“Opomo-nos ao que Israel está a fazer na Palestina e no Líbano e é por isso que estamos aqui hoje”, explicou Taskeen Zafar, 27 anos, na capital paquistanesa.
A morte do líder do movimento xiita pró-iraniano, morto na sexta-feira num bombardeamento israelita no seu reduto perto de Beirute, mergulhou a região na incerteza.
O Hezbollah confirmou no sábado a morte do líder do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, horas depois de o exército israelita ter anunciado que o líder xiita pró-iraniano tinha morrido no bombardeamento da sede da organização na sexta-feira, nos subúrbios sul de Beirute.
“Hassan Nasrallah juntou-se aos seus companheiros mártires (…) cuja marcha liderou durante quase 30 anos”, anunciou um comunicado do grupo pró-iraniano citado pela agência francesa AFP.
O Hezbollah não menciona no comunicado as circunstâncias da morte de Nasrallah, de acordo com a agência espanhola EFE.
Israel já tinha matado este mês o chefe das operações militares e das forças de elite, Ibrahim Aqil, num outro ataque em Beirute.
Israel e Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado diário desde 07 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas em solo israelita que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, levando a que dezenas de milhares de pessoas tenham abandonado as suas casas em ambos os lados da fronteira israelo-libanesa.
Os ataques de Israel contra o Hezbollah intensificaram-se de forma substancial nos últimos dias, após as autoridades militares de Telavive terem anunciado uma deslocação das operações da Faixa de Gaza para o norte do país.
O Hezbollah integra o chamado “Eixo da Resistência”, uma coligação liderada pelo Irão de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestiniano Hamas e os rebeldes huthis do Iémen.
Papa critica uso imoral da força no Líbano e em Gaza
O Papa Francisco criticou também hoje o uso “imoral” da força no Líbano e em Gaza, numa tentativa de apelo à moderação por parte de Israel, afirmando que, “mesmo na guerra, há uma moralidade a defender”.
Questionado, a bordo do avião que o transportou da Bélgica para o Vaticano, sobre as consequências para os civis dos ataques israelitas no Líbano e em Gaza, o líder da Igreja Católica respondeu: "Um país que, com a força, age assim, seja qual for o país, que age de uma maneira tão superlativa, (se presta a) ações imorais”.
“A defesa deve ser sempre proporcional ao ataque. Quando isto não acontece, surge uma tendência dominante que vai além da moralidade”, disse Francisco.
O Papa afirmou ainda que, “mesmo na guerra, há uma moralidade a defender”.
“A guerra é imoral, mas as regras da guerra indicam uma forma de moralidade”, concluiu.
Novos ataques de Israel
O exército de Israel realizou hoje dezenas de novos ataques contra o movimento xiita libanês Hezbollah, no Líbano, dois dias depois de matar o seu líder Hassan Nasrallah com, segundo o mesmo, 20 membros deste movimento libanês pró-iraniano.
Na manhã deste domingo, depois de presidir a uma missa no estádio nacional de Bruxelas, o Papa manifestou a sua “dor” pelo agravamento do conflito no Médio Oriente e apelou a um cessar-fogo imediato no “martirizado” Líbano.
Quanto ao conflito em curso em Gaza, Francisco repetiu que está ao telefone “todos os dias com a paróquia de Gaza” e é informado das “crueldades que ali acontecem”.
O Ministério da Saúde do governo do Hamas, o movimento islâmico palestiniano no poder na Faixa de Gaza, anunciou hoje um novo número de mortos de 41.595 no território palestiniano desde o início da guerra com Israel, há quase um ano.
Pelo menos nove pessoas foram mortas nas últimas 24 horas, indicou esta autoridade de saúde, em comunicado, acrescentando que 96.251 pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em 07 de outubro, num ataque sem precedentes do Hamas em Israel que fez 1.205 mortos.
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