Esta iniciativa da Associação Cidadania Lx surgiu como resposta à Associação Nacional de Condutores de Animação Turística (ANCAT), que, a propósito da celebração do seu 7.º aniversário, providenciou um desfile, anteriormente anunciado, com mais de 100 tuk-tuks no centro histórico de Lisboa, no passado domingo, oferecendo viagens gratuitas aos portugueses num passeio com a duração de uma hora.

No manifesto, a Associação explica que, tal como outras cidades europeias, entre elas, Copenhaga, na Dinamarca, ou Ravenna, em Itália, que sabem que a presença destes veículos é um flagelo, Lisboa deveria entender que a sua circulação não é uma mais-valia na capital.

“Por que é que Lisboa há de ser menos do que as outras?”, disse, indignado, Paulo Ferrero, um dos assinantes da carta, em declarações ao SAPO24.

Para Ferrero, os tuk-tuks são uma das causas da poluição ambiental e sonora, do estrangulamento do trânsito, da ocupação do espaço público, da violação do código da estrada, da ocorrência de acidentes ou, entre outras situações, informações turísticas e históricas erradas, transmitidas pelos condutores dos tuk-tuks, como é, aliás, referido em carta aberta.

Enquanto um dos autores do pedido, levanta ainda a questão de os tuk-tuks não serem um meio de transporte, como é um autocarro, e apenas terem licença para passeios turísticos. No entanto, na maior parte das vezes, os motoristas recolhem os passageiros num local e transportam-nos para um local diferente, a seu pedido.

Lisboa é a cidade abrangida no manifesto, mas os assinantes não se esquecem de Sintra: “A zona histórica de Sintra ainda é pior porque são ruas sinuosas, pequenas, estreitas, (…) mas em Lisboa também já está o caos em certas zonas, como nos bairros ou nos miradouros”, disse Paulo Ferrero.

“Ainda ontem publicámos fotografias no Miradouro de Santa Luzia porque aquilo é um caos completo”, acrescentou. “(…) mas a zona do Príncipe Real e de Santa Catarina também estão caóticas”, referiu.

No documento assinado, os autores escrevem que não acreditam, ao contrário do que já foi anunciado, que a CML vá conseguir limitar os locais de estacionamento, manter a fiscalização ou controlar o espaço urbano através de novos regulamentos.

Para Paulo Ferrero, o desfile da ANCAT foi uma “provocação”, no sentido de influenciar a Câmara de Lisboa na elaboração de novas regras.

“Há uma série de regulamentos que não são fiscalizados e este vai ser mais um”, disse. “Qualquer dia vai haver problemas na cidade como já houve em Sintra (...) ou no Terreiro do Paço, que nunca se soube ao certo o que aconteceu”, continuou.

Para a Cidadania Lx, “os tuk-tuks devem ser extintos”. Como a possibilidade de tal acontecer é mínima, sugerem:

  • A Polícia Municipal (PM) deve fiscalizar a paragem e o estacionamento irregular dos tuk-tuks nas zonas de maior densidade automóvel e turística: Miradouros da Porta do Sol e da Nossa Senhora do Monte, Terreiro do Paço, Rua Garret e Chiado, Praça da Figueira, Martim Moniz, Sé Catedral de Lisboa, Santa Catarina, Baixa Pombalina, Belém e freguesias históricas. A PM deverá ainda publicar, semanalmente, os números atualizados de veículos autuados e das coimas cobradas;
  • Nos casos de grande ruído, como música ou publicidade, deverá ser aplicado o regulamento municipal de ruído;
  • Instalação de sistemas de videovigilância, ligados à sede da PM, em zonas de grande concentração de tuk-tuks;
  • Proibição de tuk-tuks a combustível e obrigatoriedade de circulação de, apenas, tuk-tuks elétricos;

A Associação não espera obter nenhum tipo de reação ou resposta por parte da Câmara de Lisboa, como aconteceu ao longo dos últimos com outros manifestos e sugestões que já dirigiram às autoridades competentes.

No entanto, Paulo Ferrero alerta que, sem medidas a longo prazo, a “situação vai manter-se ou piorar”, acreditando que “só vai melhorar quando o turismo low-cost diminuir a pique, porque os tuk-tuks são fruto disso”.

“A Polícia Municipal faz o que pode, mas também não pode fazer muito”, finalizou.