Em comunicado, a Société Nationale des Chemins de fer Français (SNCF) afirma que a circulação dos comboios de alta velocidade (TGV) foi gravemente perturbada esta sexta-feira devido a uma série de actos maliciosos, descrevendo os incidentes como “um ataque maciço destinado a paralisar a rede”. A informação é adiantada pelo jornal Le Monde, que cita a empresa ferroviária.
“Ontem à noite, a SNCF foi vítima de vários actos de vandalismo que afectaram as linhas de alta velocidade Atlantique, Nord e Est. Foram efectuados ataques incendiários para danificar as nossas instalações. As equipas da SNCF Réseau já se encontram no local para efetuar um diagnóstico e iniciar as reparações”, esclareceu.
Os ataques consistiram em incêndios provocados de forma coordenada em condutas de cabos de energia de sinalização e comunicação. A escolha dos pontos onde ocorreram os incêndios sugere que os autores, para além de coordenados, possuem conhecimentos técnicos, segundo a SNCF.
As linhas afetadas, com atrasos e suspensões, são as dos eixos Norte (que incluem também o TGV para Londres, Bruxelas, Amesterdão e Alemanha), Oeste (Bretanha, Bordéus) e Este (Estrasburgo, Frankfurt).
Segundo o canal BFMTV, a situação está a afetar em particular a estação de Montparnasse, assim como as estações do Norte e do Leste. Nas redes sociais já é possível verificar o caos provocado por esta situação, com as informações oficiais a anunciar desde o cancelamento de certas viagens até atrasos que vão de 30 minutos a mais de uma hora.
“Estamos a desviar alguns comboios para linhas convencionais, mas teremos de eliminar um grande número deles”, acrescentou a SNCF, que admite que esta situação "deverá durar pelo menos ao longo do fim de semana, enquanto se procede às reparações".
Houve uma tentativa de ataque semelhante na linha LGV Sud-Est, que liga Paris a Lyon, mas foi gorado. "A LGV Sud-Est não foi afetada. Um ato malicioso foi frustrado”, afirma a SNCF.
Patrice Vergriete, ministro dos Transportes francês, recorreu à sua conta oficial do X para condenar “veementemente estes actos criminosos, que vão pôr em causa as partidas de férias de muitos franceses”. Na BFMTV, a ministra dos Desportos, Amélie Oudéa-Castéra, condenou os “atos de sabotagem", acrescentando que "atacar os Jogos é atacar França".
Os ataques não foram ainda reivindicados e nada sugere uma relação direta à realização dos Jogos Olímpicos. No entanto, visto que a cerimónia de arranque de Paris 2024 decorre hoje, tais ataques provocam ainda mais confusão numa rede de transportes por si só já pressionada pelo evento desportivo e pelo fluxo de turistas na época alta. Estima-se que só hoje existem 250 mil viajantes afetados.
“Todos os clientes serão informados por SMS sobre o funcionamento dos seus comboios”, disse o grupo à agência de notícias France Press.
A empresa aconselha “todos os viajantes a adiarem a viagem e a não se deslocarem à estação”, especificando no seu comunicado que todos os bilhetes podem ser trocados e reembolsados.
O presidente da SNCF, Jean Pierre Farandou, considerou as sabotagens como "um ataque à França e aos franceses", numa aparição conjunta à imprensa juntamente com o ministro dos transportes. Farandou explicou que os trabalhos de reparação são muito delicados, uma vez que os incêndios afetaram condutas com até 500 cabos elétricos e de fibra ótica.
"É preciso arranjar cabo a cabo, é quase um trabalho de ourives", explicou um alto funcionário da empresa na conferência de imprensa.
O presidente da Câmara de Paris, Laurent Nunez, anunciou, por sua vez, o envio de reforços policiais para as principais estações da capital para garantir a segurança dos passageiros e das instalações.
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