Na sua tradicional mensagem de Natal, Manuel Clemente alertou que a forma como se assinala o Natal, com “tanta festa”, se contribui para que o dia “seja realmente especial”, corre risco de “despistar um pouco, com tanta realidade exterior, com tanta luz de fora, daquilo que é o seu essencial: porque é que existe Natal?”.
“Natal significa ‘nascimento’. E não é um nascimento qualquer, é o nascimento de Cristo, há dois milénios, em Belém de Judá, e é esse o acontecimento que nós, realmente, estamos a celebrar, para sermos autênticos e para termos todo o fruto e proveito para as nossas vidas, das nossas famílias e da nossa sociedade inteira”, escreveu o cardeal na sua mensagem natalícia.
Manuel Clemente recorreu, na sua mensagem, à Carta Apostólica “Admirabile Signum” (O Sinal Admirável), que o Papa Francisco publicou no início do mês de dezembro sobre o presépio, onde exorta a que se “retome esta tradição do presépio”.
“O Papa relembra que, à volta do Presépio, toda a vida pode e deve encontrar-se nas suas mais diversas manifestações”, sublinhou o patriarca de Lisboa, acrescentando que Francisco “particulariza e diz que a natureza está presente, naquela noite iluminada, naqueles pastores que vêm com os seus gados, com tudo aquilo que vai contornando os nossos presépios… É a natureza! E a natureza precisa de se reencontrar, como nós sabemos, com toda esta premência ecológica”.
“O Papa recorda também aqueles que vêm ao Presépio. Antes de mais, os pastores: gente simples que vivia do essencial e que também, nesse sentido, nos tem uma lição a dar para vivermos aquilo que realmente importa, embora importe a todos”, escreveu Manuel Clemente, sublinhando que o presépio chama os cristãos ao “acolhimento de um Deus que nasce na maior das simplicidades, identificando-se com tudo quanto é simples e frágil”.
Natal quer dizer “‘nascimento’, nascimento de Deus no mundo como na tradição cristã se apresenta e que, hoje, é tão importante apresentar assim. Ou seja, na fragilidade das coisas, na ocorrência normal das vidas, mas tudo concentrado em torno do essencial”, recordou o cardeal patriarca de Lisboa.
“Quando se fala em presentes, o mais importante é que cada um de nós também se torne presente onde precisamos de estar. Porque, por vezes, oferecem-se presentes de fora para, de alguma maneira, colmatar — mas sem o conseguir — a falta de presença real junto dos outros e daquelas realidades que nos esperam. Que a lição do Presépio seja a nossa verdade e, na alegria desta noite, seja também a reconstrução do mundo”, escreveu Manuel Clemente.
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