“Chegou o momento de o nosso país tomar o seu destino nas suas próprias mãos e tornar-se o principal ator da própria estabilidade”, afirmou Félix Tshisekedi, na quarta-feira, na Assembleia Geral da ONU.
Para o efeito, a “retirada gradual” da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco) e de mais de 15.000 capacetes azuis “é um passo necessário para consolidar os progressos já alcançados”, afirmou, defendendo, contudo, uma antecipação.
O governante lamentou que as missões da ONU, presentes há quase 25 anos na RDCongo, “não tenham conseguido fazer face às rebeliões e aos conflitos armados que dilaceram o país e a região dos Grandes Lagos, nem proteger as populações civis”.
Desde 2020, o Conselho de Segurança da ONU iniciou uma retirada cautelosa, aprovando um plano de saída gradual que estabelece parâmetros gerais para a transferência das responsabilidades das forças de manutenção da paz para as forças congolesas. A data prevista é 2024.
No entanto, o Presidente congolês insistiu que “este plano de retirada faseada, responsável e sustentável” da Monusco “é anacrónico”, afirmando ser “ilusório e contraproducente continuar a agarrar-se à manutenção da Monusco para restaurar a paz” na RDCongo.
O Presidente pediu ao governo para encetar conversações com a ONU sobre “a retirada acelerada da Monusco da RDCongo, antecipando o início desta retirada gradual de dezembro de 2024 para dezembro de 2023”, data das próximas eleições.
Um pedido nesse sentido foi enviado ao Conselho de Segurança, no início deste mês, e as discussões estão em curso.
Em junho, numa reunião do Conselho de Segurança, os Estados Unidos advertiram contra uma retirada, que consideraram precipitada da missão, argumentando que o país não está preparado para tal até ao final deste ano.
Estas discussões sobre a retirada da Monusco surgem numa altura em que a ONU tem enfrentado uma série de ataques e manifestações contra a presença de forças de manutenção da paz no país.
No final de agosto, a repressão de uma manifestação contra a ONU causou a morte de cerca de 50 pessoas em Goma, no leste do país.
Félix Tshisekedi insistiu que “acelerar a retirada da Monusco está a tornar-se um imperativo para aliviar as tensões” entre a missão da ONU e a população.
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