"Desempenhei as minhas funções com o máximo profissionalismo, seriedade, rigor, isenção e ética e, portanto, acho natural [a passagem]. Não vejo nada de mal e a prova é que o próprio regulador me fez uma proposta", declarou em audição na comissão parlamentar de inquérito à rendas excessivas no setor elétrico.
Questionado sobre a passagem do Governo, pelos gabinetes dos ministros Carlos Tavares e Álvaro Barreto, para a EDP, Ricardo Ferreira adiantou que recebeu três propostas de trabalho, da Autoridade da Concorrência (AdC), da EDP e a terceira da REN.
"No termo de funções no gabinete algo que muito me honra é o facto de me terem sido apresentadas três propostas. Da AdC, do próprio [presidente] Abel Mateus, da EDP e a terceira da REN. Acho que isto é a demonstração cabal do mérito, do reconhecimento do trabalho desenvolvido. Tinha uma proposta de uma parte do contrato, de uma contraparte e do regulador da Concorrência", afirmou em resposta ao deputado socialista Fernando Anastácio.
Ricardo Ferreira chegou ao Governo em 2003, por convite de um adjunto do ministro da Economia Carlos Tavares, do Governo de Durão Barroso, vindo da consultora The Boston Consulting Group (BCG), onde esteve dois anos e "tinha feito um trabalho na área da energia".
Ricardo Ferreira continua a colaborar com o Ministério da Economia, no governo seguinte, liderado por Santana Lopes, com Álvaro Barreto com a tutela da energia.
"A minha entrada no gabinete do ministro Carlos Tavares dá-se por convite do próprio ministro. Ele não me conhecia. Fui convidado por um adjunto que tinha sido meu colega enquanto professor universitário. Sabia que eu tinha feito um trabalho na área da energia e, por essa razão, como o senhor ministro estava a formar gabinete e precisava de alguém com as minhas competências", explicou.
No gabinete de Carlos Tavares, que tinha "uma equipa altamente qualificada", acrescentou, teve um "conjunto de incumbências", nomeadamente "preparar a transição dos CAE [contratos de aquisição de energia], que vinham desde meados da década de 90, e que tinham que acabar por imperativos comunitários".
Admitindo ter tido um "papel relevante no desenho" dos CMEC, Ricardo Ferreira sublinhou que "era um técnico" e "não tomava decisões", limitando-se a "partir pedra e de arranjar soluções".
"Era dirigido pelo senhor ministro Carlos Tavares que tem vasta experiência ano setor bancário e não aceitava qualquer coisa. Ele era das pessoas que ia ao detalhe do detalhe", concluiu.
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