A RTP Ensina lançou hoje oficialmente as aulas de #EstudoEmCasa com a Ucrânia, uma iniciativa conjunta do Ministério da Educação e da RTP que pretende facilitar a integração das crianças e dos jovens ucranianos em Portugal, através de 14 módulos que dão a conhecer a língua e alguns aspetos da cultura portuguesa.
“O objetivo é termos mais um objeto de apoio aos alunos ucranianos que estão a chegar a Portugal”, começou por explicar o ministro da Educação, João Costa, depois da visita aos estúdios da RTP, em Lisboa, onde decorreu a última gravação do recente projeto levado a cabo por duas professoras: uma de língua ucraniana e outra de português.
De acordo com João Costa, Portugal tem já 4.100 alunos ucranianos matriculados, “a maioria concentrados no pré-escolar e no primeiro ciclo”, sobretudo em concelhos onde já existiam comunidades ucranianas a residir.
João Costa lembrou a parceria com a RTP durante a pandemia, através da Direção-Geral da Educação (DGE), e o projeto #EstudoEmCasa e o ‘know-how’ adquirido com a professora de português que esteve na anterior equipa, salientando o diálogo que surgiu entre as duas entidades para se conseguir montar estes “módulos temáticos que ensinam a língua e pequenos aspetos da cultura portuguesa”.
“Em tempo recorde conseguimos este conjunto de módulos que estão agora disponíveis na internet e podem ser utilizados por crianças que ainda estão na Ucrânia e usados nas aulas de português de língua não materna”, disse o ministro da Educação.
A língua portuguesa “é muito difícil e por isso precisamos [os ucranianos de] bastante tempo para estudar a língua bonita do famoso Luís de Camões”, afirmou a embaixadora da Ucrânia em Lisboa, Inna Ohnivets.
A diplomata recomendou aos ucranianos que chegam a Portugal que estudem a língua portuguesa, para "encontrarem trabalho ou estudar nas universidades", salientando que o projeto hoje lançado é uma “oportunidade para os ucranianos que estão já no país”, mas que o projeto “é interessante para os que vivem na Ucrânia e que têm interesse em chegar em Portugal”.
Aos jornalistas, Inna Ohnivets lembrou que, no aspeto escolar, o acolhimento dos ucranianos em Portugal está a “correr bem”, salientando que muitos têm crianças em idade escolar e que “têm a possibilidade de frequentar as escolas portuguesas e estudar a língua portuguesa”.
O #EstudoEmCasa com a Ucrânia é uma derivação de uma iniciativa realizada durante a pandemia que permitiu a milhares de estudantes portugueses terem aulas em casa. O novo projeto está disponível no RTP Ensina e integra um conjunto de 14 blocos de quinze minutos cada, ‘lecionado’ pelas professoras de língua portuguesa Dulce Sousa e de língua ucraniana Iryna Schnaider.
Ainda no estúdio onde tinha acabado a última gravação do bloco dedicado aos Direitos Humanos e aos Laços familiares, Iryna Schnaider disse aos jornalistas ter-se tratado de “uma experiência nova e boa”, salientando que no seu trajeto de professora de língua estrangeira o projeto tinha "corrido bem".
Também a professora Dulce Sousa, na troca de palavras com o ministro da Educação, sublinhou a “oportunidade de partilha e enriquecimento” com a professora ucraniana neste projeto, salientando que se tratou de “uma experiência intensa, um desafio muito diferente, em tornar simples o que é complexo”, acrescentando também que os materiais gravados “criam dinâmicas diferentes e importantes nas escolas”.
João Costa lembrou na conversa com as docentes, onde se encontrava também o presidente do Conselho de Administração da RTP, Nicolau Santos, o coordenador da plataforma RTP Ensina, João Barreiros, e o coordenador do Estudo em Casa, Gonçalo Madail, a existência já de “mais de 4.500 blocos pedagógicos”, deixando a ideia para se fazerem mais com outras línguas.
Na plataforma educativa da RTP encontra-se também um dicionário básico e audiovisual de português/ucraniano.
Portugal aprovou mais de 30.000 pedidos de proteção temporária de residentes na Ucrânia, havendo várias organizações no terreno a mobilizarem apoio.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou cerca de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser mais elevado.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,4 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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