A história do Hynes Divino Espírito Santo difere de outras na Califórnia porque o salão resiste apesar de a cidade ter mudado de nome e a comunidade portuguesa ter dispersado. São luso-americanos dos arredores que mantêm o salão a funcionar 100 anos após a sua fundação, em 1923.
“Hynes era o nome da cidade antiga. Hoje em dia é Paramount, e em Paramount já não há portugueses”, disse à Lusa Moisés Lourenço, tesoureiro da direção do Hynes DES. “Quem está envolvido nas direções e comissões é pessoal de Artesia e cidades ao redor”, explicou.
Isso torna a celebração ainda mais significativa e a comissão da festa preparou várias surpresas para a comunidade que se irá deslocar a Paramount entre sábado e segunda-feira.
“Uma coisa muito especial é que convidámos todas as mulheres que já foram rainhas do Espírito Santo em Paramount”, contou Moisés Lourenço. “Temos dois carros alegóricos enfeitados para irem na procissão para a igreja e quando voltarmos toda a gente vai comer sopas”.
Na noite de domingo haverá uma Grande Marcha com todas as rainhas que ainda estão vivas, uma forma de recordar a longa história do salão português, seguida de um Grande Baile.
“Serão anunciadas as rainhas antigas uma por uma e, chamadas ao palco com uma escolta, vão receber uma rosa cada uma”, detalhou Moisés Lourenço.
A organização antecipa que, ao longo dos três dias, passem pela celebração mais de 1.500 pessoas, oriundas de várias cidades da Califórnia.
Haverá atuações das bandas filarmónicas de Artesia, Chino e Tulare, do grupo folclórico Retalhos Antigos de Artesia e da banda Lusitanos de San Diego.
“É especial. Cem anos é um marco a que nem todas as cidades chegam ou vão chegar”, frisou Moisés Lourenço. “O nosso povo está a ajudar muito financeiramente e estamos a receber muitos parabéns de todo o lado”.
Natural da ilha Terceira, Lourenço emigrou para os Estados Unidos da América com 11 anos e realçou a importância do envolvimento geracional na comunidade.
“Conseguimos ainda manter a juventude, os meus três filhos fazem parte da sociedade de Artesia e Paramount, continuamos a envolver netos e filhos nas procissões”, afirmou. “Foram criados num ambiente em que adoram a música portuguesa, os bailes e a banda filarmónica”, acrescentou.
As visitas regulares ao Açores ajudam a manter os laços das várias gerações com a terra de origem, sendo a religião um importante elo aglutinador.
“Fazemos isto tudo porque somos devotos do Espírito Santo”, disse Moisés Lourenço, sobre o trabalho no Hynes DES. “Fomos criados dessa maneira e assim continua”, rematou.
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