O seminário tem como convidado especial Pietro Cirrincione, que tem autismo e é vice-presidente da Autism Europe, organização que congrega todas as associações na área do autismo a nível europeu.
Formalmente constituída a 27 de dezembro de 2016, a Inovar Autismo - associação de cidadania e inclusão decidiu organizar este primeiro seminário no âmbito de uma estratégia que visa dar repostas de qualidade na habilitação e capacitação das pessoas com deficiência.
"Sentimos necessidade de fazer este seminário que reúne diversos especialistas, alguns com deficiência, na sequência dos projetos que temos vindo a desenvolver nestes primeiros dois anos de atividade para apoiar crianças e jovens com autismo", disse à agência Lusa Ana Albuquerque Nogueira, presidente da Inovar Autismo, associação que já desenvolveu projetos específicos para 60 crianças e jovens dos distritos de Setúbal, Évora, Beja e Portalegre.
"De uma forma geral, os seminários em Portugal na área da deficiência centram-se muito na componente médica e na componente reabilitativa, com a abordagem de terapias. Nós quisemos dar a volta ao texto e apresentar uma proposta de reflexão centrada nos direitos humanos, na inclusão. E na primeira pessoa, com as pessoas com deficiência a falarem, elas próprias, sobre a deficiência e sobre a sociedade", acrescentou.
Segundo Ana Nogueira, a Inovar Autismo não desenha projetos seguindo o "modelo tradicional médico, que olha para a pessoa com deficiência como alguém que temos de reabilitar, de adaptar à sociedade e ao ideal do homem normal, mas de acordo com um modelo social".
"Nós partimos do modelo social, ou seja, é a sociedade que tem de criar condições para que a pessoa com deficiência possa exercer todos os seus direitos ao nível da educação, do recreio, da saúde e ao nível profissional. Daí todos os nossos projetos partirem desta abordagem da inclusão e do trabalho com os contextos da sociedade e com a capacitação da sociedade para acolher as crianças e os jovens, mas também para acolher as famílias das pessoas com deficiência", esclareceu.
A Inovar Autismo tem desenvolvido vários projetos no âmbito do Instituto Nacional de Reabilitação (INR) - que decorrem durante um ano e que estão sujeitos a um processo de candidatura e a uma avaliação do seu impacto social -, de que é exemplo o projeto `Mais Comunidade, Eu Faço Parte´ -, que "visa incluir os jovens com autismo nas atividades da comunidade", e que ganhou o prémio FACES (Financiamento e Apoio para o Combate à Exclusão Social), da Fundação Montepio.
"Neste projeto, não fazemos colónias de férias; incluímos os jovens e crianças com autismo nas atividades de férias que surgem na sua comunidade de pertença. O que fazemos é dar formação ao clube desportivo que vai acolher esta criança. E todas as pessoas que trabalham no clube desportivo ou que vão trabalhar nesta atividade de férias têm formação connosco", disse Ana Nogueira.
"Nós adequamos as atividades à família e à criança ou jovem, caso seja necessário. E depois a criança ou jovem é acompanhada em contexto por um técnico da Inovar Autismo", frisou a presidente da Inovar Autismo.
Além da presença do vice-presidente da Autism Europe, Pietro Cirrincione, o seminário conta ainda com diversos especialistas nacionais nos diferentes painéis para abordar os problemas e as respostas a dar a crianças e jovens com autismo.
"Afirmação e Autodeterminação, Percursos de Vida, Percursos de Inclusão´, `A Vida Independente e os Direitos Humanos´, `O Desafio da Inovação e da Inclusão nas Repostas Sociais: O Caminho Percorrido pela Inovar Autismo´, `O Desafio da Inclusão nas Transições ao Longo da Vida das Pessoas com Deficiência´ e `Olhares Cruzados - Desafios da Nova Legislação da Escola Inclusiva´, são os temas propostos nos diferentes painéis deste primeiro seminário da Inovar Autismo.
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