Apelidado de "General Armagedão" pela imprensa ocidental, Surovikin, de 56 anos, foi nomeado comandante das forças russas na Ucrânia em 8 de outubro.
Sob a sua responsabilidade está a tarefa de dar a volta a uma série de derrotas sofridas pelas tropas de Moscovo, que recuaram em várias frentes.
Após semanas de silêncio do exército sobre os seus reveses no terreno, Surovikin apareceu na televisão na terça-feira, em uniforme militar e perante de várias bandeiras, para reconhecer uma situação "tensa" e alertar que não tem medo de tomar uma "decisão muito difícil".
É possivelmente por declarações como estas, e o seu aparente controlo da situação, que Vladimir Putin escolheu para o posto o general Surovikin, um veterano da guerra soviética no Afeganistão, da segunda guerra chechena nos anos 2000 e da campanha na Síria de 2015.
"Ele é uma pessoa muito conhecida, os militares falam muito sobre ele. Tem a reputação de ser um comandante insano, traumatizado e implacável", comentou à AFP um conhecido especialista militar russo, que pediu para permanecer anónimo por medo de represálias do poder. "Putin adora-o. Na Síria, expulsava os oficiais do Estado-Maior para dirigir os ataques" acrescenta este especialista.
De acordo com o analista independente Alexandr Khramchikhim, as forças "do sul" que Surovikin liderou até agora na Ucrânia foram as "mais bem-sucedidas" contra os ucranianos. "É o único critério na situação atual", adianta.
A mudança de estratégia já é visível: dois dias após a nomeação de Surovikin, o exército russo lançou uma enxurrada de mísseis contra infraestruturas ucranianas, causando cortes de eletricidade e de água corrente em várias cidades. Alguns bombardeamentos repetiram-se pouco depois, como prenúncio de um inverno rigoroso para os ucranianos.
Justificando estes ataques na televisão, Putin confirmou que eles foram realizados "por proposta do Ministério da Defesa". Isto é, uma ordem de Sergei Surovikin. A reputação de Surovikin ganhou o respeito da linha dura do Kremlin: o líder checheno pró-Putin Ramzan Kadyrov, que criticou o comando militar russo na Ucrânia pela sua incompetência, disse-se "100% satisfeito" com sua nomeação.
Pela sua parte, Leonid Volkov, opositor russo, acusou Surovikin de ser um "ladrão lendário" que enriqueceu com a extração ilegal de madeira. "Ele é um empresário, não um general", escreveu no Twitter. Mas é apenas a sua capacidade de reverter a situação na Ucrânia que o regime levará em conta na avaliação de Surovikin.
Na terça-feira, já aprovou a transferência para a Rússia da população da cidade ocupada de Kherson, um sinal de que Moscovo pode preparar-se para perdê-la para ataques ucranianos.
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