“As investigações continuam com o interrogatório da tripulação, investigações subaquáticas e técnicas”, afirmou o comissário Risto Lohi, responsável pela investigação, à televisão pública finlandesa YLE.

Os nove membros da tripulação, de um total de 24, estão a ser investigados por sabotagem e interferência nas telecomunicações e estão todos proibidos de sair do país.

As autoridades finlandesas estão a investigar as suspeitas de envolvimento do petroleiro “Eagle S”, registado nas Ilhas Cook e propriedade de uma empresa de navegação sediada no Dubai, na avaria do cabo de energia submarino EstLink 2 no Mar Báltico, que liga a Finlândia à Estónia, no dia de Natal.

O cargueiro está também a ser investigado por alegadamente contornar as sanções ocidentais contra as exportações de petróleo russo, dado que é suspeito de pertencer à chamada “frota fantasma russa” – um termo utilizado para descrever os navios que transportam petróleo bruto e produtos petrolíferos russos, recentemente sancionada pelos 27 países da União Europeia (UE).

O “Eagle S” permanecerá retido até que as “graves deficiências” detetadas no navio sejam reparadas, informaram as autoridades na semana passada, após terem encontrado a âncora que alegadamente causou os danos no fundo do mar.

O Governo finlandês anunciou que a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, bloco de defesa ocidental), à qual a Finlândia aderiu em abril de 2023, vai enviar dois navios para o Mar Báltico, com o objetivo de aumentar a vigilância na região, em resposta à alegada sabotagem dos cabos submarinos nas últimas semanas.

Na terça-feira, a Finlândia vai acolher uma cimeira dos países da NATO que fazem fronteira com o Mar Báltico para discutir o reforço da segurança da região e potenciais medidas para proteger as principais infraestruturas submarinas.

Durante a cimeira, que será copresidida pelo Presidente da Finlândia, Alexander Stubb, e pelo primeiro-ministro da Estónia, Kristen Michal, será discutido o reforço da presença da NATO no Mar Báltico e a resposta à ameaça da “frota fantasma russa”.

Muitos incidentes semelhantes têm ocorrido desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

De acordo com especialistas e políticos, estas ações, que têm sobretudo como alvo as infraestruturas energéticas e de comunicações, inserem-se no contexto da “guerra híbrida” entre a Rússia e os países ocidentais, nesta vasta área marítima delimitada por vários membros da NATO, onde Moscovo também tem pontos de entrada.

A UE anunciou medidas para proteger os cabos submarinos, nomeadamente através da melhoria da troca de informações, a aplicação de novas tecnologias de deteção e também dos meios de reparação submarina, e a cooperação a nível internacional.