Em entrevista ao Observador, Cavaco Silva argumentou que, no recente “texto pedagógico” que escreveu no Expresso, “em nenhuma das suas partes” defendeu ou sugeriu “a realização de eleições antecipadas”.
“Sou contra as eleições antecipadas”, enfatizou, explicando que o seu objetivo foi “ajudar os portugueses a pensar” em qual o xadrez político mais favorável para “aumentar o bem-estar das famílias” já que nos próximos 10 anos vão “ocorrer duas eleições legislativas”.
Questionado sobre a viabilização do próximo Orçamento do Estado, o antigo chefe de Estado considerou ser “muito provável que venha a ser aprovado”.
“Mas não há nenhum drama se não for aprovado. É importante aprovar, mas eu não tenho neste momento nenhuma indicação de que se concretize uma obstrução tão forte por parte dos partidos da oposição para que não sejam tomadas medidas que sejam positivas para o crescimento das variáveis que eu sublinhei”, respondeu.
Cavaco Silva ressalvou que “não aprovar orçamentos é banal nalguns países da Europa” e deu o exemplo de Espanha, onde o primeiro-ministro “viveu durante dois anos com duodécimos e ninguém morreu”.
Sobre a ida do antigo primeiro-ministro socialista António Costa para a presidência do Conselho Europeu, o também antigo chefe do executivo destacou que esta “não é uma função executiva”, mas sim com “tarefa de coordenação, de representação e de tentar consensos”.
“Eu penso que o doutor António Costa pode realizar bem essa função. Penso que prestigia Portugal e eu felicito-o”, elogiou.
Para Cavaco Silva, António Costa “era inequivocamente a melhor escolha” entre os Socialistas Europeus.
Sobre a necessidade de serem feitos pactos de regime entre PSD e PS, o antigo Presidente da República defendeu que “apenas os extremos direita e os extremos esquerda”, ou seja Chega, PCP e BE, “têm posições inconsistentes” com o objetivo por si traçado de dar “o salto em frente no bem-estar das famílias portuguesas”.
“A possibilidade de um pacto de regime pode ser em relação a várias forças políticas, excluindo os extremos à esquerda e à direita”, apontou.
Sobre se o atual Governo de Luís Montenegro deve ir até 2028, como previsto num calendário eleitoral sem alterações, o social-democrata enfatizou “a decisão é exclusivamente do senhor Presidente da República”, Marcelo Rebelo de Sousa.
“No passado houve muitas dissoluções, eu espero que não ocorram, mas essa é apenas a minha opinião”, disse.
Em relação ao resultado das eleições francesas, Cavaco Silva considerou que o “sistema eleitoral francês trouxe alívio a muitos governos da Europa”, também ao português e a si próprio, mostrando-se “muito preocupado” com as eleições americanas.
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