"O general honre a verdade e diga a verdade", disse Ricardo Sá Fernandes.
O advogado do ex porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM) Vasco Brazão falava à agência Lusa a propósito de uma notícia da RTP que avança que o ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, o tenente-general Martins Pereira Lopes, assumiu ter recebido documentos relacionados com a recuperação do material roubado dos paióis de Tancos e que já os entregou ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
“A documentação verdadeira foi entregue hoje no início da tarde, no DCIAP, pelos serviços do meu advogado”, disse o tenente-general Martins Pereira à estação televisiva.
Questionado sobre se esta documentação coincide com aquela que o seu constituinte diz ter entregue ao ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes, Ricardo Sá Fernandes sublinhou que "só há um memorando".
Ricardo Sá Fernandes revelou ainda que até ao momento ainda não obteve resposta quanto ao pedido do seu constituinte, major Vasco Brazão, para ser novamente ouvido no âmbito da investigação dirigida pelo MP ao reaparecimento das armas furtadas em Tancos.
Quando à utilidade de o Ministério Público (MP) ouvir o ministro da Defesa no âmbito do inquérito em curso sobre o reaparecimento das armas de Tancos, Ricardo Sá Fernandes contrapôs que terá de ser o MP a pronunciar-se sobre essa necessidade ou não, admitindo, contudo, que a defesa de Vasco Brazão pode requerer essa diligência, caso assim o entenda.
Na segunda-feira, o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, major Vasco Brazão, pediu para ser ouvido novamente, no âmbito do processo de recuperação das armas desaparecidas de Tancos.
A edição `online´ do semanário Expresso divulgou na quinta-feira que o major Vasco Brazão disse ao juiz de instrução, em finais de 2017, e já depois de as armas terem sido recuperadas, deu conhecimento ao ministro da Defesa, juntamente com o então diretor daquela polícia, da “encenação montada em conjunto com a GNR de Loulé em torno da recuperação as armas furtadas” do paiol nacional de Tancos.
Ainda na quinta-feira, em Bruxelas, o ministro da Defesa Nacional negou “categoricamente” que “tenha tido conhecimento de qualquer encobrimento neste processo”.
No mesmo dia o ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa admitiu que recebeu em novembro o coronel Luís Vieira e o major Brazão, mas nunca percebeu qualquer "indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos".
“Cumpre-me informar, em abono da minha honra e da verdade dos factos, que efetivamente recebi o Sr. coronel Luís Vieira [diretor da Polícia Judiciária Militar] e o Sr. Major Brazão [porta-voz da Política Judiciária Militar], no meu gabinete, em novembro de 2017”, refere o tenente-general António Martins Pereira, numa declaração escrita, enviada por e-mail à Agência Lusa.
Vasco Brazão, sujeito à medida de coação de permanência na residência sem vigilância eletrónica, é um dos nove arguidos da operação Húbris, que o caso da recuperação, na Chamusca, em outubro de 2017, das armas furtadas em Tancos.
Em 25 de setembro, a Polícia Judiciária deteve o diretor e outros três responsáveis da PJM, um civil, que estão em prisão preventiva, e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé.
Segundo o MP, em causa estão “factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
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