“Ainda bem que o PS decidiu aprovar a comissão parlamentar de inquérito que o BE propôs. Há muita coisa para esclarecer”, afirmou Catarina Martins em declarações aos jornalistas após ter visitado a o Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados, em Lisboa, acompanhada pelo presidente do Partido da Esquerda Europeia, Walter Baier, e pela vereadora do BE na Câmara Municipal de Lisboa, Beatriz Gomes Dias.
Catarina Martins considerou que “seria inexplicável” e o PS ficaria “numa posição insustentável” caso não tivesse viabilizado esta comissão de inquérito, uma vez que tinha recusado “todas as audições que foram pedidas para esclarecer o assunto”.
“O assunto está tudo menos esclarecido. A posição do PS era absolutamente insustentável, julgo que o perceberam e agora temos de fazer o trabalho na comissão de inquérito", referiu.
Questionada se considera que esta viabilização é um “bom sinal” por parte da maioria absoluta, Catarina Martins respondeu: “Veremos agora como decorre".
Interrogada se Pedro Nuno Santos vai ser uma das primeiras pessoas que o BE vai chamar à comissão de inquérito, Catarina Martins afirmou que o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação “terá esclarecimentos para dar”, mas salientou que Fernando Medina também.
Para Catarina Martins, é necessário que Fernando Medina dê mais explicações porque, "embora tenha dito sempre que não era ministro na altura dos factos”, sabe-se agora que, quando nomeou Alexandra Reis para secretária de Estado do Tesouro, “já sabia" que ela "não tinha feito o mandato por completo” na TAP.
“Já sabia que ela tinha saído em conflito com o conselho de administração. Aparentemente só não conhecia o meio milhão”, referiu.
A coordenadora destacou ainda que “é o ministério das Finanças, é aliás o Tesouro, que delibera quem representa o Governo português enquanto acionista na empresa, e portanto tem responsabilidades particulares”.
“E, por isso, vamos querer ouvir toda a gente que tem responsabilidades, tanto quem já deixou de ser membro do Governo como quem continua a ser membro do Governo”, indicou.
Questionada se não concorda com as declarações do líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, que considerou que a questão de Alexandra Reis já não é do âmbito político, Catarina Martins respondeu que existe “um problema político sobre a tutela da TAP”.
Para a coordenadora do BE, existe um problema “sobre a forma como o acionista Estado - e como o Governo, que tem essa responsabilidade -, acompanha o que faz a TAP e é ou não conivente com o regime de privilégio para a administração, em que Alexandra Reis é só um dos problemas, ao mesmo tempo que há despedimentos, corte de salários e injeções de dinheiro público na TAP”.
Catarina Martins defendeu que “a situação da TAP é toda incompreensível”, designadamente “a forma como é feita a tutela e esse escrutínio não é conhecido”.
“Como sabem, é uma empresa com dupla tutela - das Finanças e das Infraestruturas - e é muito estranho que, na verdade, as Finanças até agora parecem desconhecer tudo o que se passa na TAP, quando são, perdoem-me a expressão, quem passa os cheques à TAP”, frisou.
A coordenadora do BE considerou assim que “está tudo ainda por explicar e politicamente claro que há ainda muito para perceber e responsabilidades para assacar”.
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