“Há aqui também a intenção do senhor ministro [do Ambiente] de misturar as coisas, aquilo que é melhorar a atividade do setor com a lei que regula as plataformas. Uma coisa não tem nada a ver com a outra”, afirmou o presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), Carlos Ramos.
João Matos Fernandes manifestou hoje disponibilidade para discutir a modernização do setor, mas reiterou que "nenhuma classe profissional" tem poder para inibir uma lei da República, como a que regula as plataformas eletrónicas.
O representante do setor considerou também que João Matos Fernandes “enganou o próprio PSD”.
“O PSD diz que votou a lei partindo do princípio que o Governo depois apresentaria um pacote de soluções. Da reunião que tivemos com o PSD ficámos com a ideia de que tinham sido enganados”, acrescentou.
O presidente da FPT acusou ainda o ministro do Ambiente de “mentir” ao passar para a opinião pública uma mensagem errada.
“O senhor mente, diz meias-verdades. Está a enviar uma mensagem para a opinião pública que não corresponde à verdade”, disse.
O presidente da Associação Nacional dos Transportes (ANTRAL), Florêncio de Almeida, lamentou também que o ministro do Ambiente não se mostre recetivo a reunir com as associações do setor do táxi.
“Também é de lamentar que há cerca de dois anos [o ministro] não receba as associações e esteja agora tão preocupado para as receber. As associações não querem ser recebidas por esse senhor, porque não encontramos nele nem no seu secretário de Estado qualquer credibilidade para receber o setor”, afirmou.
Desde quarta-feira que os taxistas se manifestam em Lisboa, Porto e Faro contra a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte que operam em Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé.
Inicialmente, os representantes dos taxistas exigiam que os partidos fizessem, junto do Tribunal Constitucional, um pedido de fiscalização sucessiva da constitucionalidade do diploma, uma exigência que não foi acolhida pelos grupos parlamentares.
Na sexta-feira, o processo teve um desenvolvimento, com o PCP a pedir a revogação da lei, uma decisão que os taxistas consideram estar no “caminho correto”, mas que ainda não é suficiente.
Os taxistas pretendem que a lei estabeleça "equidade" entre o setor e as plataformas e que possam ser os municípios a assumir integralmente a definição do número de veículos a circular, por concelho.
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