“Enquanto continuo o meu trabalho para limpar o meu nome, decidi que é do melhor interesse da Ópera de Los Angeles que me demita como diretor-geral e que deixe as minhas atuações futuras”, afirma o tenor num comunicado emitido pelo seu representante.
No comunicado, Plácido Domingo, de 78 anos, explica que "as acusações recentes nos ‘media’ criaram uma atmosfera" que o "impede de ser útil” a esta entidade.
A Ópera de Los Angeles anunciou, em agosto, a abertura de uma investigação na sequência de denúncias, de oito cantoras e de uma bailarina, de assédio sexual por parte do tenor espanhol, em situações ocorridas ao longo de mais de três décadas.
Na ocasião, anunciou que iria contratar uma equipa legal externa para investigar as “preocupantes alegações” contra o tenor.
No comunicado, Plácido Domingo afirma ter a Ópera de Los Angeles “profundamente” no seu coração, referindo o seu percurso e trabalho nesta instituição como um dos “legados mais importantes”.
O tenor refere que a decisão de se demitir foi tomada de coração triste, e manifestou o desejo de que a Ópera continue a crescer e a brilhar.
Após conhecer a decisão de Domingo, a Ópera agradeceu o contributo “sem precedentes e profundo” para a vida cultural de Los Angeles.
No mês de agosto, a Associated Press publicou uma longa investigação, com quase 50 pessoas entrevistadas a confirmarem comportamentos impróprios por parte de Plácido Domingo.
Desde a publicação da investigação, a Orquestra de Filadélfia e a Ópera de São Francisco anunciaram os cancelamentos das atuações programadas do tenor, enquanto o Festival de Salzburgo, na Áustria, decidiu manter os concertos previstos, tendo a presidente do evento, Helga Rabl-Stadler, sublinhado o “tratamento apreciativo [de Domingo] para com todos os funcionários do festival”.
Na semana passada, o tenor Plácido Domingo abandonou a produção de “Macbeth”, da Ópera Metropolitana de Nova Iorque, que deveria estrear-se na quarta-feira, anunciando que não voltará a pisar o palco da ‘Met’.
“Enquanto contesto fortemente as recentes alegações feitas a meu respeito, e estou preocupado com o clima em que as pessoas são condenadas sem decorrer o devido processo, após reflexão acredito que a minha presença nesta produção de ‘Macbeth’ iria desviar as atenções do trabalho árduo dos meus colegas, tanto em palco como nos bastidores”, referiu Plácido Domingo num comunicado citado pelo jornal The New York Times.
Resultado dessa reflexão, o tenor “pediu para abandonar [a produção]”, agradecendo à liderança da ‘Met’ “por ter graciosamente acedido” ao pedido.
No comunicado, no qual recorda que se estreou naquele teatro aos 27 anos, e no qual cantou “durante 51, consecutivos, gloriosos anos”, Plácido Domingo dizia-se “feliz” por, aos 78 anos, ter podido vestir a pele de Macbeth no ensaio geral da produção, que disse ser a sua “última atuação no palco da Met”, indicando assim que não voltará a pisar o palco daquele teatro nova-iorquino.
A Ópera Metropolitana de Nova Iorque também divulgou um comunicado, na altura, no qual sugeriu que foi a companhia a pedir a Plácido Domingo para sair.
“A Ópera Metropolitana confirma que Plácido Domingo concordou em retirar-se de todas as futuras apresentações na ‘Met’, com efeito imediato. A ‘Met’ e o senhor Domingo estão de acordo em que ele precisava de retirar-se”, lia-se no comunicado, também citado pelo The New York Times.
A programação da Ópera Metropolitana - que em 2018 despediu o maestro James Levine depois de este ter sido acusado de conduta sexual abusiva e de assédio - para a presente temporada incluía atuações de Plácido Domingo numa produção de “Madame Butterfly”, de Puccini, em novembro, e enquanto Macbeth, na ópera homónima de Verdi, em setembro e outubro.
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