As autoridades francesas consideram que o inteletual cometeu em França, em 2009 e 2012, dois crimes de violação, um dos quais a pessoa vulnerável, indicou a mesma fonte, citada pela AFP.
Tariq Ramadan, convocado na quarta-feira de manhã pelos investigadores da polícia judiciária e colocado sob custódia no quadro do inquérito preliminar aberto a seu respeito por “violação e violência voluntárias”, foi confrontado com uma das suas acusadoras na quinta-feira.
Ramadan foi confrontado durante mais de três horas com uma das queixosas, que se identifica com o pseudónimo de Christelle, segundo fontes conhecedoras do caso.
No fim da acareação, revelada pelo jornal Le Parisien, Tariq Ramadan, que nega os factos, recusou-se a assinar a ata das declarações, segundo as mesmas fontes.
“Cada um ficou nas suas posições”, avançou uma delas.
Depois do escândalo Weinstein nos Estados Unidos, que suscitou em numerosos países uma libertação da palavra de vítimas de abusos sexuais, duas mulheres acusaram o teólogo de as ter violado.
A primeira queixosa, Henda Ayari, acusou-o, em 20 de outubro, de a ter violado num hotel parisiense em 2012.
A defesa do teólogo entregou material com que pretendeu desacreditar esta antiga salafista, que se tornou uma militante feminista.
Entre estes documentos estão designadamente conversas na rede social Facebook, nas quais uma mulher que se apresenta como Henda Ayari fez em 2014 – dois anos depois dos alegados factos – propostas explícitas ao teólogo, que não lhes deu seguimento.
A segunda queixa que visa Tariq Ramadan foi apresentada por uma outra mulher, Christelle, no fim de outubro, alguns dias depois da primeira.
As duas mulheres tinham sido rapidamente ouvidas pela polícia, em Rouen, no noroeste francês, e em Paris.
Neto do fundador do movimento islâmico radical Irmãos Muçulmanos, Tariq Ramadan terminou de comum acordo a ligação que tinha com a universidade britânica de Oxford, onde era professor de estudos islâmicos.
Ramadan só falou publicamente por duas vezes desde o início deste caso, na rede social Facebook, no final de outubro, para denunciar uma “campanha de calúnias”, desencadeada pelos seus “inimigos de sempre”, e no Twitter, no início de novembro, para desmentir as acusações de abuso sexual de menores, nos anos 1990, publicadas pelo jornal La Tribune de Genève e para anunciar uma queixa por difamação.
O caso suscita debates acesos entre defensores e críticos de Ramadan e de Ayari. Esta última apresentou queixa contra desconhecidos, em meados de novembro, depois de ter sido injuriada e ameaçada.
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