Na quarta-feira, o Instituto das Artes Cénicas e da Música de Espanha, afeto ao Ministério da Cultura, anunciou o cancelamento da participação de Plácido Domingo nas atuações previstas para os dias 14 e 15 de maio no Teatro da Zarzuela, em Madrid.
A decisão foi tomada “em solidariedade com as mulheres afetadas” nos casos de denúncia de assédio sexual contra o tenor, como referiu o organismo em comunicado citado pela imprensa espanhola.
Ainda na quarta-feira, reforçando a decisão, o ministro espanhol da Cultura, José Manuel Rodríguez Uribes, afirmou que Espanha é o primeiro país europeu a cancelar atuações de Plácido Domingo. É “um dever, mais do que um gesto, de solidariedade com elas”.
Segundo o calendário de espetáculos na página oficial, em maio, Plácido Domingo tinha previsto uma atuação no Festival de Úbeda, nesta localidade espanhola, cinco apresentações de “La Traviata” no Teatro Real e duas no Teatro da Zarzuela, ambas em Madrid.
Segundo a imprensa espanhola, a participação de Plácido Domingo foi cancelada em todas estas datas.
Isto acontece na semana em que o cantor de ópera espanhol Plácido Domingo pediu perdão às 20 mulheres que o acusaram de assédio sexual nos Estados Unidos: “Quero que elas saibam que estou sinceramente desolado pelo sofrimento que lhes causei. Aceito toda a responsabilidade dos meus atos”, indicou o cantor de 79 anos em comunicado publicado na terça-feira.
O pedido de desculpas surge após o sindicato norte-americano dos cantores de ópera ter divulgado os resultados de um inquérito independente, iniciado em setembro sobre as acusações de assédio dirigidas a Plácido Domingo, concluindo que Plácido Domingo “teve um comportamento inapropriado, desde o ‘flirt’ até aos avanços sexuais, no interior e exterior do seu local de trabalho”.
“Muitas das vítimas referiram-se ao medo de represálias profissionais como o motivo pelo qual não falaram mais cedo”, anunciou em comunicado a American Guild of Musical Artists (AGMA).
Hoje, em comunicado enviado à agência espanhola Efe, o tenor confirmou os cancelamentos em Espanha e sublinhou a sinceridade do pedido de desculpas feito esta semana, mas nega as acusações de que foi alvo.
“Nunca me comportei de forma agressiva e jamais fiz algo que impedisse ou prejudicasse a carreira de alguém”, disse.
As primeiras denúncias de assédio sexual contra Plácido Domingo surgiram em agosto de 2019 através de uma extensa investigação da agência de notícias Associated Press, citando várias mulheres que disseram ter sido assediadas sexualmente pelo tenor.
Os acontecimentos terão ocorrido ao longo de trinta anos, em espaços que incluíam companhias de ópera onde o cantor ocupava cargos de direção. Muitas dizem ter sido avisadas por colegas para nunca ficar a sós com Domingo.
O tenor foi sempre rejeitando as acusações de que foi alvo, mas a partir daquela investigação da Associated Press, demitiu-se de diretor-geral da Ópera de Los Angeles, Califórnia, e foram surgindo alguns cancelamentos de atuações.
Plácido Domingo decidiu, por exemplo, não atuar num espetáculo cultural associado aos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
Na página oficial do tenor não há ainda qualquer referência a cancelamentos dos próximos espetáculos.
Além de Espanha, Plácido Domingo tem atuações marcadas até novembro na Alemanha, Suíça, Rússia, Áustria, Itália e Reino Unido.
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