Para assinalar o que designou de “Desastre do Século”, o Governo organizou diversos eventos para assinalar o primeiro aniversário do desastre. Em Antakya, capital da província de Hatay (sul), uma multidão entrou em confronto com a polícia quando responsáveis oficiais se dirigiam para as comemorações, indicou a agência noticiosa Associated Press (AP).
O presidente do município da cidade, Lutfu Savas, foi recebido com frases que apelavam à sua demissão, enquanto o ministro da Saúde, Fahrettin Koca, foi assobiado enquanto discursava.
“Pode alguém ouvir-me?”, ou “Não esquecemos e não perdoamos” foram algumas das frases ecoadas pela população.
Após um momento de silêncio pelas 04:17 (hora local e quando ocorreu o primeiro abalo sísmico), foram lançados cravos ao rio num gesto de recordação, e uma orquestra local interpretou uma canção em honra das vítimas.
Hatay, que se situa entre o mar Mediterrâneo e a fronteira com a Síria, foi a mais atingida das 11 províncias do sul afetadas pelo sismo de magnitude 7.8. Incluindo as 6.000 pessoas mortas na vizinha Síria, o sismo provocou mais de 59.000 vítimas.
O Presidente Recep Tayyip Erdogan optou por se deslocar a uma zona em reconstrução em Kahramanmaras, o epicentro do sismo, após inspecionar os trabalhos de reconstrução da cidade e os realojamentos de milhares de pessoas que permanecem em tendas e contentores pré-fabricados.
“Hoje, estamos a distribuir lotes para 9.289 casas e a entregar as chaves”, disse Erdogan, numa cerimónia posteriormente transmitida pela televisão a nível nacional. Acrescentou ainda que o Governo prevê a entrega de 200.000 casas nas zonas atingidas pelo sismo até final de 2024.
Previamente, e numa mensagem nas redes sociais pelas 04:17, Erdogan disse que as consequências da tragédia “continuam a dilacerar os nossos corações como se fosse o primeiro dia”, acrescentando: “Graças a Deus que o nosso país conseguiu ultrapassar com sucesso esta histórica e dolorosa prova”.
Políticos da oposição também visitaram a região, com Ozgur Ozel, líder do Partido Republicano do Povo (CHP social-democrata e nacionalista), a participar nas evocações em Hatay, antes de se deslocar a Gaziantep e Kahramanmaras.
A maioria das escolas encerrou. Em Malatya, o governador proibiu quaisquer celebrações ou desfiles à margem do programa oficial que se prolongará por três dias, referiu a AP.
Em paralelo, Mads Brinch Hansen, responsável pela delegação na Síria da Federação internacional da Cruz Vermelha disse aos ‘media’ em Genebra que existem poucas perspetivas de reconstrução pós-sismo num país que permanece assolado pela guerra.
“Não temos os fundos necessários para admitir uma reabilitação e reconstrução em larga escala”, disse.
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