“Esta decisão, que constitui uma grave violação dos princípios estabelecidos do Direito internacional, não pode ser aceite por nós”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco num comunicado.
O Governo de Ancara considerou que a guerra na Ucrânia “está a assumir dimensões cada vez mais graves” e reiterou o seu apoio à resolução do conflito “com base numa paz justa a ser alcançada através de negociações”.
A diplomacia turca recordou que a Turquia tomou uma posição idêntica em relação à anexação pela Rússia da península ucraniana da Crimeia, com base num “referendo ilegítimo realizado em 2014”.
Desde então, tem manifestado “o seu forte apoio à integridade territorial, independência e soberania da Ucrânia”, disse o ministério liderado por Mevlut Cavusoglu.
A Turquia, que integra a NATO, promoveu negociações entre a Ucrânia e a Rússia para tentar um cessar-fogo, mas sem sucesso.
Ancara conseguiu negociar um acordo entre os dois países e a ONU que permitiu retomar a distribuição mundial de cereais que estavam retidos em portos ucranianos devido à guerra.
A anexação das quatro regiões ucranianas seguiu-se a referendos realizados num contexto de guerra, cuja legitimidade foi recusada pela Ucrânia e pela comunidade internacional.
Na sexta-feira, a Rússia usou o seu poder de veto para impedir o Conselho de Segurança das Nações Unidas de condenar a anexação de Donetsk e Lugansk (no Donbass, leste), e de Kherson e Zaporijia (sul).
Na sequência da anexação das quatro regiões, a Ucrânia formalizou um pedido de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
A possibilidade da entrada da Ucrânia na Aliança Atlântica foi uma das justificações dadas por Putin para ordenar a invasão do país vizinho, em 24 de janeiro deste ano.
Antes da invasão, Putin exigiu à NATO garantias de que nunca aceitaria a adesão da Ucrânia e da Geórgia, bem como o regresso das forças aliadas às posições anteriores ao alargamento a Leste.
A NATO e os aliados ocidentais recusaram tais exigências.
Numa reação ao pedido de adesão da Ucrânia, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, lembrou, na sexta-feira, que a decisão tem de ser aprovada por todos os membros da aliança.
Stoltenberg disse também que a Ucrânia tem o direito de retomar os territórios “agora ocupados pela força” e prometeu o apoio dos aliados nesse processo de libertação.
“Esta é a maior tentativa de anexação de território europeu pela força desde a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 15% do território da Ucrânia, uma área aproximadamente do tamanho de Portugal, foi tomado ilegalmente pela Rússia com a ponta da pistola”, declarou Stoltenberg.
A anexação das quatro regiões ucranianas seguiu-se a uma mobilização parcial decretada por Putin em 21 de setembro, após reveses sofridos pelas tropas russas na Ucrânia.
A mobilização, que abrange 300.000 mil reservistas, levou dezenas de milhares de russos a fugir para países vizinhos.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra na Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm afirmado que será muito elevado.
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