"Tal exigência é inaceitável e não pode fazer parte dos tópicos de negociação" com a Rússia sobre a crise na Ucrânia, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros romeno numa declaração citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Trata-se da resposta das autoridades romenas a uma declaração feita hoje, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, de que as “forças, equipamento e armamento estrangeiros” devem ser retirados da Roménia e da Bulgária.

No âmbito das medidas para desanuviar a tensão na Ucrânia, Moscovo exigiu o regresso à situação de 1997, quando aqueles dois países do antigo bloco soviético não faziam parte da Aliança Atlântica, bem como um tratado que proíba o alargamento da NATO ao Leste europeu.

A Roménia e a Bulgária aderiram à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) em 2004, à semelhança de outros países da zona de influência da antiga União Soviética, como a República Checa, a Hungria e a Polónia, que entraram em 1999, oito anos depois da dissolução do Pacto de Varsóvia, a que pertenciam.

O Governo romeno rejeitou as exigências russas, qualificando-as de “inadequadas e infundadas” por não corresponderem a uma atitude agressiva da NATO, mas sim defensiva.

O reforço da presença militar da NATO na costa Sudeste da Europa “é uma reação puramente defensiva ao comportamento cada vez mais agressivo da Rússia” na região, “apesar das tentativas da NATO de se empenhar num diálogo construtivo”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros romeno.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou na terça-feira que a França está pronta para enviar tropas para a Roménia como parte de um possível aumento da presença da NATO.

Na Bulgária, o primeiro-ministro, Kiril Petkov, insistiu na soberania do seu país, que “fez a sua própria escolha ao aderir à NATO”.

“Decidimos por nós próprios como organizar a nossa defesa em coordenação com os nossos parceiros”, disse Petkov no Parlamento, sublinhando que a Bulgária não pode ser um “membro de segunda classe” da Aliança Atlântica.

A Roménia tem no seu território uma força da NATO constituída por cerca de 1.000 tropas norte-americanas, 140 italianas e 250 polacas.

A Bulgária tem um acordo com os Estados Unidos para acolher 2.500 tropas, com um máximo de 5.000 no momento da rotação de pessoal.

As exigências russas sobre a retirada de tropas estrangeiras da Roménia e da Bulgária foram divulgadas no dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, se reuniu com o seu homólogo norte-americano, Antony Blinken, na cidade suíça de Genebra, para discutir a crise na fronteira com a Ucrânia, sem resultados aparentes.

A Rússia concentrou cerca de 100.000 tropas na fronteira com a Ucrânia e os Estados Unidos acusam Moscovo de estar a preparar uma nova invasão do país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014.

A Rússia nega a intenção de invadir a Ucrânia e acusa a NATO de ameaçar a sua segurança.