A votação, que tem lugar na reunião do Conselho de Assuntos Gerais, em que participa a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, é secreta e apenas a 27, não tendo o Reino Unido voto na matéria.
No caso da EMA, a que se candidatam 19 cidades, incluindo o Porto, se na primeira volta uma das candidaturas recolher o apoio máximo de pelo menos 14 votantes, será de imediato a vencedora.
Cada país, na primeira volta, poderá atribuir três, dois e um ponto às cidades candidatas, de acordo com a ordem de preferência.
Numa segunda volta, cada Estado-membro passa a ter apenas um voto, que terá de ser atribuído a uma das três cidades mais votadas (ou mais se houver empate) e vence a candidatura que tiver mais de 14 pontos.
Se persistir o empate, e com o mesmo sistema de voto, a escolha será entre as duas candidaturas mais votadas, estando previsto um desempate por sorteio, caso seja necessário.
Além do Porto, são candidatas a sediar a EMA as cidades de Amesterdão (Holanda), Atenas (Grécia), Barcelona (Espanha), Bona (Alemanha) Bratislava (Eslováquia), Bruxelas (Bélgica), Bucareste (Roménia), Copenhaga (Dinamarca), Dublin (Irlanda), Helsínquia (Finlândia), Lille (França), Milão (Itália), Sófia (Bulgária), Estocolmo (Suécia), Varsóvia (Polónia), Viena (Áustria), Zagreb (Croácia) e ainda Malta, que não especificou a cidade.
Porto na corrida à Agência do Medicamento "para ganhar" após pressão sobre o Governo
Após o Governo ter anunciado, a 10 de fevereiro, estar disponível para acolher a EMA, de o Conselho de Ministros ter aprovado, a 27 de abril, a candidatura nacional, pretendendo instalá-la em Lisboa, e de o parlamento a ter aprovado por unanimidade, em maio, o presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, levantou a voz, manifestando ao primeiro-ministro, por carta, o interesse em acolher a sede, que vai ser relocalizada na sequência da saída do Reino Unido da União Europeia.
Antes de Moreira, no final de abril o então candidato do PSD à Câmara do Porto e agora vereador, Álvaro Almeida, já havia defendido que a agência devia ser instalada na cidade e não em Lisboa, afirmando esperar que o autarca percebesse “a importância desta oportunidade e o significado que teria para o desenvolvimento sustentado e diversificado de que o Porto necessita” e que o fizesse “ver junto do Governo”.
Poucos dias depois, no início de junho, os vereadores do PS anunciaram que iriam propor, em reunião de câmara, a criação “imediata” de um grupo de trabalho para preparar a candidatura da cidade para receber a EMA, e também a Área Metropolitana do Porto lamentou a "visão centralista" da tutela que "drena tudo o que acrescenta valor ao território" para Lisboa, reiterando que a candidatura portuguesa devia contemplar o Norte.
Em reação às críticas que se fizeram sentir a Norte, a 07 de junho o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, defendeu que Lisboa era a localização que oferecia “mais condições” para instalar a sede e que isso não significava a “depreciação” do Porto.
Numa carta que António Costa dirigiu a Rui Moreira, divulgada a 13 de junho, o primeiro-ministro afirma ter decidido candidatar Lisboa por “ser fator de preferência a existência de Escola Europeia, que só Lisboa poderá vir a ter”, acrescentando ser “o primeiro a lamentar não ter sido possível candidatar o Porto porque muito gostaria de também, por esta via, contribuir para reforçar a crescente internacionalização da cidade”.
A pressão política em torno da escolha de Lisboa foi crescendo, com a líder do Bloco de Esquerda a criticar a opção do Governo, e os eurodeputados do PSD Paulo Rangel e José Manuel Fernandes a lançarem uma petição pública, sugerindo Porto ou Braga, e com o CDS a acusar o Governo de provincianismo e bairrismo ao apenas assumir Lisboa como a única possibilidade para acolher a sede da agência.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu então, a 15 de junho, aos partidos políticos que estabilizassem a opinião sobre a localidade portuguesa a candidatar à EMA, remassem na mesma direção e escolhessem “a [cidade] que tem melhores hipóteses de ganhar”.
Dois dias depois, fonte do Ministério da Saúde adiantava que o processo de candidatura de Portugal para acolher a EMA ia ser reaberto de forma a incluir também a cidade do Porto, o que levou a autarquia a aceitar integrar a comissão nacional de candidatura de Portugal à EMA, nomeando para essa missão Eurico Castro Alves e o vereador Ricardo Valente.
A 13 de julho o Conselho de Ministros decidiu candidatar a cidade do Porto para acolher a agência, considerando ser a cidade portuguesa que "apresenta melhores condições para acolher a sede daquela instituição", e cerca de 15 dias depois Portugal apresentou à União Europeia a sua candidatura.
O Palácio dos Correios, nos Aliados, o Palácio Atlântico, na praça D. João I, ou instalações novas na Avenida Camilo Castelo Branco são as três localizações propostas para a EMA no Porto, caso a cidade vença esta candidatura, tendo o autarca Rui Moreira já garantido que a sua instalação na cidade não vai ter custos para Portugal.
A comissão da candidatura, com o apoio do Governo, tem vindo a afirmar que "o Porto está em jogo para ganhar", reunindo condições para tal, e tem feito uma intensa campanha da sua promoção na Europa.
Na sexta-feira, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse que "o Porto está claramente no conjunto das candidaturas mais fortes".
"Independentemente do resultado, Portugal e o Porto ganharam. Ganharam com uma candidatura que prestigiou o país, uma candidatura nacional. O Porto está claramente no conjunto das candidaturas mais fortes", disse Adalberto Campos Fernandes.
O ministro da Saúde frisou que "o Porto mostrou a sua vitalidade, a sua capacidade de acolher entidades de elevada diferenciação", apontando que "de certeza que a cidade abriu portas", uma convicção partilhada pelo autarca Rui Moreira.
"Nada será como antes porque o Porto passou por todas as etapas necessárias. Nos critérios fundamentais, o Porto preenche todos os parâmetros fundamentais. Doravante em situações desta natureza, o Porto passa a estar no mapa de cidades que podem acolher este tipo de investimentos e instituições", disse o presidente da Câmara.
De acordo com a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, "foi feito um intenso trabalho diplomático e muitas diligências diplomáticas junto dos 26 países envolvidos".
De acordo com um estudo feito pela consultora Ernst & Young, a pedido da Associação Comercial do Porto (ACP), o Porto está entre as cinco cidades favoritas para acolher a EMA, aparecendo classificada com “performance de topo” ou “qualidade muito elevada” nas seis dimensões da avaliação.
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