Em comunicado, a UGT e os seus sindicatos manifestaram a sua solidariedade para com o músico, compositor e escritor Chico Buarque da Holanda, pelo “atropelo de que foi alvo pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que se recusou a assinar o Prémio Camões”, atribuído este ano ao artista brasileiro.
Fonte da UGT explicou à Lusa que esta tomada de posição da central sindical visa manifestar “repugnância” pela decisão do Presidente do Brasil e tomar uma posição mais global contra o que considera ser um “ultraje à Língua Portuguesa” e um “atentado à democracia”, visível em outros setores como a “retirada de direitos” e os “ataques às centrais sindicais” no Brasil.
É, no fundo, um gesto “em defesa da democracia”, acrescentou a mesma fonte, adiantando que a UGT enviou primeiramente a mensagem de solidariedade com Chico Buarque às congéneres sindicais brasileiras.
A mesma mensagem foi remetida para conhecimento ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro, ao ministro dos Negócios Estrangeiros, ao Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, ao Instituto Camões, ao Secretário Executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e à Sociedade Portuguesa de Autores.
Nessa mensagem, a UGT começa por afirmar ter tomado conhecimento de que Jair Bolsonaro “decidiu não assinar o diploma que confere o Prémio Camões 2019 ao Poeta, Prosador, Artista, Cantor e Militante da Língua Portuguesa, Património Universal da Humanidade, Chico Buarque da Holanda”.
“A repugnância que tal decisão encerra constitui um ultraje à Língua Portuguesa, comum entre os nossos povos e fator de irmandade multissecular, e é um atentado à democracia, que o próprio Prémio Camões constitui, já que foram os portugueses e os brasileiros que decidiram e consagraram este Prémio”, acrescenta.
Desta forma, a UGT e os seus sindicatos pretendem, expressar a sua solidariedade “através do movimento sindical irmão do Brasil, apelando a todos os democratas brasileiros e de língua portuguesa que denunciem este atropelo e pressionem o Presidente do Brasil a cumprir a democracia”.
No dia 09 de outubro, o presidente brasileiro deu a entender que não assinará o diploma do Prémio Camões concedido ao compositor e escritor Chico Buarque, afirmando aos jornalistas que assinaria “até 31 de dezembro de 2026”, data que remete para o final de um segundo mandato presidencial, caso seja reeleito em 2022.
O compositor reagiu quase em seguida, afirmando que uma eventual não-assinatura do seu diploma do Prémio Camões, por parte do Presidente do Brasil equivalerá a uma dupla distinção.
“A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões”, escreveu o artista brasileiro na sua conta oficial da rede social Instagram.
Entretanto, o escritor moçambicano Mia Couto manifestou repúdio pela atitude do presidente e saudou a resposta do músico e escritor, considerando-a “genial”.
Mia Couto afirmou ainda a intenção de contactar os “colegas que foram Prémio Camões” para fazerem uma “declaração conjunta”, uma espécie de “manifesto” contra “a imbecilidade desse tipo de atitude”.
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