Na intervenção no final de um almoço promovido pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), Mário Centeno falou da evolução da inflação e das taxas de juro, considerando que era importante que a incerteza “fosse reduzida” para facilitar a definição da evolução da política monetária.
Além disso, disse, “não ajuda que a incerteza se transmita ao setor bancário”, ainda que destacando que os riscos vêm de “eventos que são originários fora da área do euro”.
Sobre os bancos portugueses, afirmou que, nos últimos anos, reduziram o risco (desde logo com redução do crédito malparado) e estão mais capitalizados, além de que dois bancos concluíram os planos de reestruturação (Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos). Contudo, admitiu que qualquer problema nos mercados financeiros é um risco acrescido.
“É muito importante minimizar a turbulência que se gera em torno do setor bancário da área do euro e nos possa afetar. Todos sabemos que com as interações que os mercados têm, os riscos que enfrentam, temos de continuar a monitorizar, de estar atentos a essa dimensão”, afirmou o ex-ministro das Finanças (Governos PS de António Costa).
Centeno considerou, contudo, que os “desenvolvimentos mais recentes dão confiança”, mas que isso não faz com que possa diminuir a atenção.
“O processo continua e a nossa atenção continua votada a identificar eventuais questões quando e se elas se colocarem”, vincou, acrescentando que Portugal ultrapassará mais facilmente algum problema se estiver mais sólido (anteriormente tinha referido as melhorias quer no setor bancário, quer na economia e na dívida pública).
“Se Portugal fizer a sua parte vamos poder ser justos e responder positivamente”, disse.
Depois de intensas negociações durante o fim de semana, o banco suíço UBS concordou, no domingo, comprar o seu rival Credit Suisse por um valor baixo, com garantias substanciais do Governo em Berna e de liquidez do banco central do país (BNS).
Esta aquisição fez mergulhar as ações dos bancos hoje de manhã nas bolsas de valores europeias, uma vez que os investidores temiam a desestabilização do sistema bancário.
A operação custará aos detentores de obrigações ‘subprime’ 16.000 milhões de francos suíços (16.1800 milhões de euros) porque as autoridades suíças decidiram transferir parte do encargo financeiro causado pela operação.
Já na semana passada, nos Estados Unidos, faliu o Silicon Valley Bank, tendo as autoridades garantido todos os depósitos com medo de que outros bancos de dimensão considerável pudessem ser postos em causa.
A falência do Silicon Valley Bank foi a segunda maior falência bancária da história dos Estados Unidos, depois do colapso da Washington Mutual em 2008. O Credit Suisse é o segundo maior banco da Suíça e no ano passado sofreu levantamentos de liquidez no valor de 123,2 mil milhões de francos suíços (126 mil milhões de euros).
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