A viga, com cerca de 2,5 toneladas, chegou a esta quinta situada no concelho de Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, poucos meses depois do 11 de Setembro, pelas mãos do proprietário do espaço, que pagou o seu transporte de barco dos Estados Unidos para Portugal (cerca de oito mil euros).
Ernesto Cabeça, de 66 anos, vivia em 2001 em Nova Iorque, mas estava já a preparar o seu regresso a Portugal, quando soube que estavam a oferecer aos países restos de materiais que sobraram dos escombros das Torres Gémeas (World Trade Center).
Foi junto a esta peça de ferro, exposta à entrada da Quinta do Barco, que Ernesto Cabeça, contou à agência Lusa que não hesitou em pedir um camião emprestado ao irmão para transportar a peça até ao barco, o mesmo que transportaria também o resto dos seus pertences.
“Já tem um simbolismo. Isto é para simbolizar os nossos portugueses. O sacrifício que nós tivemos. Quanto custa ser emigrante”, sublinhou.
Ao longo destas duas décadas, Ernesto Cabeça estabeleceu vários contactos, nomeadamente com a Junta de Freguesia de Alverca, para tentar enquadrar esta viga, “pertencente ao piso 51 ou 52” das Torres Gémeas, num espaço público, mas tal ainda não se concretizou.
“Ela, para já, é minha e está aqui. Nem pus nada escrito por causa desta indecisão, se vai para aqui ou para ali. Então estamos à espera. A peça está aqui e se for preciso está aqui mais 10 anos”, afirmou.
Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Alverca, Carlos Gonçalves, referiu que teve conhecimento da existência desta viga “há pouco tempo”, mas que a autarquia “está disponível” para encontrar um local público para expor a peça.
“Queremos efetivar isso brevemente. Podia ser colocada numa rotunda ou num jardim. Quem sabe no 11 de Setembro do próximo ano esteja a ser inaugurada”, perspetivou.
Contudo, o autarca ressalvou que a Junta de Freguesia não dispõe de verba para ressarcir Ernesto Cabeça dos gastos que este teve com o transporte e manutenção da viga.
Enquanto o dia de entregar a viga não acontece, Ernesto Cabeça vai estruturando na sua cabeça uma ideia para valorizar e fazer o enquadramento histórico da peça.
“A minha ideia era fazer uma imagem em ferro e chapa das duas torres e pô-la [a viga] no meio. Fazer um monumento. Tenho um arquiteto e já lhe transmiti isso”, atestou.
Os atentados de 2001 mataram 2.977 pessoas em três locais distintos: nas Torres Gémeas do World Trade Center de Nova Iorque, no Pentágono, sede do Departamento de Defesa em Arlington (Virgínia), e em Shanksville (Pensilvânia).
Também morreram os 19 terroristas que sequestraram e pilotaram os quatro aviões usados na operação: cinco em cada um dos três aparelhos que atingiram as Torres Gémeas e o Pentágono e quatro no que se despenhou a 20 minutos de voo de Washington.
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