Uma rede derrubada e a falta de mel em algumas colmeias chamou a atenção de Luís Correia, produtor de mel e dono das referidas colmeias.
"Demos pela falta de uma colmeia, fomos saber dela e encontrámo-la 30 metros abaixo [do seu local], disse o produtor à TVI. O responsável do desaparecimento? "Percebemos que era um animal com algum porte", disse Luís Correia à estação de Queluz enquanto mostrava algumas imagens da dita colmeia.
Luís Correia alertou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e foram feitas análises ao pelo deixado pelo animal.
Ao todo, o urso-pardo que passou pela zona consumiu 50 quilos de mel das colmeias, contabilizou o dono destas.
De acordo com uma resposta do ICNF enviada à Lusa, a presença de um urso-pardo em Portugal, no Parque Natural do Montesinho (PNM), está confirmada desde o final do mês de abril.
"O urso foi detetado em vários pontos no PNM, junto da fronteira com Espanha, a norte do concelho de Bragança. Até ao momento não há mais desenvolvimentos sobre a presença do animal neste território", frisou a fonte do ICNF.
O organismo refere também que a presença de um urso-pardo foi “confirmada através de pegadas e pelos registos de imagem de armadilhagem fotográfica dos serviços homólogos ao ICNF em Espanha na fronteira".
“O mais provável é que a presença deste urso seja o início de uma série de ocorrências que podem não ser regulares nem continuadas no tempo e no espaço, mas que, a longo prazo, possam vir a permitir uma presença mais estável de fixada de indivíduos em Portugal”, acrescenta.
Segundo o ICNF, este tipo de deslocação é típico de indivíduos dispersantes, jovens e provenientes de populações abundantes como é a população da cordilheira cantábrica.
O ICNF está a monitorizar os movimentos através de armadilhagem fotográfica e indícios de presença em articulação com as entidades espanholas.
As autoridades ambientais regionais espanholas informam que, nos últimos dias de abril, verificou-se a existência de estragos num apiário (conjunto de colmeias) na cidade de La Tejera, tendo os funcionários do governo regional de Castela e Leão constatado que o incidente foi da responsabilidade de um urso-pardo.
Paralelamente, e dada a proximidade da fronteira portuguesa, a presença do urso foi comunicada ao ICNF para o caso de o animal continuar a sua viagem para o sul, "facto que acabou por acontecer há poucos dias".
"Dá-se a circunstância de ser a primeira vez, nos últimos dois séculos, em que a presença desta espécie no país vizinho é confirmada de maneira confiável", asseguraram as autoridades regionais espanholas.
O animal avistado na região de Sanabria "pode pertencer" à subpopulação ocidental da Cantábria, que tem cerca de 280 exemplares e, a julgar pelos sinais detetados, pode ser um adulto em dispersão, de acordo com o Serviço Territorial de Meio Ambiente de Zamora.
O último urso-pardo que viveu em Portugal foi morto em 1843 no Gerês, depois de ter existido em todo o país, assegura o livro "Urso Pardo em Portugal - Crónica de uma extinção", de Paulo Caetano e Miguel Brandão Pimenta, publicado em 2017.
Segundo o ‘site’ "Portugal num mapa", o urso-pardo é a segunda maior espécie de carnívoro do mundo, a seguir ao urso-polar (Ursus maritimus), sendo que um exemplar adulto mede em média 1,4 a 2,8 m de comprimento (inclui-se a cauda) quando está sobre as quatro patas, pesando os machos mais de 200 quilogramas e as fêmeas mais de 150.
*Com Agência Lusa
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