Segundo a AEBT – Autoestradas do Baixo Tejo, aquele corte do trânsito deve-se a trabalhos de alargamento da via.

Em comunicado, a empresa subconcessionária da Infraestruturas de Portugal (IP), responsável pela gestão do IC20, indicou ainda que, na noite de quarta para quinta-feira, a ligação do nó do Hospital Garcia de Orta ao IC20, para quem vai em direção a Almada ou Lisboa, “será encerrada por tempo indeterminado”.

“A alternativa é continuar até à rotunda da Sobreda e apanhar a saída para o IC20 em direção a Almada”, no distrito de Setúbal, aconselhou a AEBT.

Os percursos alternativos a estes condicionamentos de trânsito no IC20 vão estar devidamente sinalizados, referiu a empresa concessionária, agradecendo a colaboração e compreensão dos utilizadores desta via.

No final de setembro de 2023, um grupo de cidadãos, com o apoio de especialistas na temática urbana, anunciou o lançamento de uma petição contra o aumento do número de vias do IC20, conhecida por via rápida da Costa da Caparica.

Atualmente, essa petição conta com 2.830 assinaturas, segundo informação do ‘site’ Petição Pública.

A estrada que liga Almada à Costa da Caparica vai passar a ter quatro vias de trânsito em cada sentido, obra prevista decorrer entre outubro de 2023 e maio de 2025.

A informação foi avançada por um representante da empresa AEBT durante a reunião da Câmara de Almada, no distrito de Setúbal, em 18 de setembro de 2023, explicando que a obra terá de ser realizada para dar cumprimento a uma obrigação do contrato que prevê que, quando atingisse determinado limite de fluxo diário de circulação, teria de ser feito um aumento no número de vias.

O IC20 regista anualmente um tráfego médio diário superior a 60 mil veículos.

A petição, que começou a circular no dia 22 de setembro, Dia Europeu sem Carros, tem como subscritores o Centro de Arqueologia de Almada, o movimento Estrada Viva, a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), a Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi), Mulheres na Arquitectura, a QUERCUS e ainda a comunidade local Estuário Colectivo.

Os signatários referiram que a população foi surpreendida com a informação de que a obra é um compromisso que resulta de um contrato caduco, que deveria já ter sido renegociado pelo Estado junto da concessionária Baixo Tejo, de modo a ir ao encontro daquilo que são os objetivos estabelecidos a nível ambiental.

Após análise ao contrato de concessão com a Baixo Tejo, o grupo defendeu que a IP deve dar instruções à subconcessionária de que não é necessário aumentar o número de vias.

“Sublinha-se que o investimento financeiro nesta obra por parte da subconcessionária é indiretamente dinheiro público”, frisou o grupo, acrescentando que, se o Estado renegociar o contrato com a concessionária, “poderá recuperar o dinheiro” que irá desperdiçar “numa obra perfeitamente inútil e contra os objetivos ambientais do próprio governo”.

Os peticionários contestaram a obra por ser contra a estratégia climática nacional, não resolver a questão do congestionamento (criando o chamado “tráfico induzido” e ‘bottleneck’) e promover a dispersão urbana.

Em alternativa sugeriram o aumento das faixas BUS, com a melhoria da frequência, qualidade e extensão de transportes públicos e a criação de mais e melhores infraestruturas para mobilidade suave, como novas passagens ciclopedonais elevadas que reduzam o impacto negativo de barreira geográfica deste tipo de vias e a adaptação dos viadutos existentes de modo a incluir vias pedonais e ciclovias seguras.