“Eu diria a Luís Montenegro isto: o Chega e o PS e outros não legislarão contra o Governo numa condição, o Governo governar bem e cumprir o que prometeu. Se não o fizer, o parlamento terá que o fazer, porque o parlamento é quem decide”, afirmou.
No domingo, o presidente do PSD e primeiro-ministro desafiou os líderes do PS e do Chega a dizerem se querem fazer “um governo alternativo” e “legislar em conjunto”, considerando que tal tem de ser assumido “olhos nos olhos” perante os portugueses.
Hoje, o presidente do Chega defendeu que “o PS e o Chega devem fazer uma coisa como todos os partidos, que é cumprir as promessas eleitorais” e considerou que “quem se desviou das promessas eleitorais foi o doutor Luís Montenegro, que disse que iria fazer a maior devolução fiscal do nosso tempo e tinha um remendo fiscal”, indicando que “o Chega e outros partidos tiveram que vir corrigir isso”.
“Disse que queria devolver rendimentos às famílias e até agora nada, disse que queria resolver o problema dos polícias, até agora nada, disse que iria resolver os professores, até agora nada. E, portanto, eu percebo o desespero de Luís Montenegro, quando não se consegue governar bem, a melhor forma é dizer atenção o PS e o Chega estão juntos. O que ele quer dizer é ‘eu não consigo fazer melhor e os outros estão a fazer melhor que eu no parlamento'”, defendeu.
André Ventura indicou que “o Chega não vai deixar de ter iniciativa, de cumprir as suas promessas eleitorais unicamente porque o PSD não o quer fazer”.
“Se o PSD desistir de governar para as pessoas, se o PSD desistir de cumprir promessas eleitorais, o Chega não quer saber quem é que volta ao seu lado, o Chega quer é tornar a vida das pessoas melhor”, indicou.
Ventura disse também que o seu partido não alinha numa tentativa de “criar uma crise a qualquer preço” ou numa “vitimização ‘a la Cavaco Silva'”.
No domingo, Luís Montenegro desafiou também o Chega a “explicar porque é que anda de braço dado na Europa com partidos franceses, italianos, alemães que defendem o regime russo de Putin”.
Questionado sobre estas declarações, Ventura considerou que foi “muito infantil” da parte do primeiro-ministro e salientou que “o Chega tem sido, desde o início, o partido em Portugal mais ou dos mais veementes na condenação da Rússia”.
“Eu recordo que foi o Chega que levou ao parlamento o projeto de resolução para condenar a Rússia como Estado terrorista, o PSD do doutor Luís Montenegro votou contra”, argumentou.
Dizendo estar “muito à vontade nessa matéria”, o líder do Chega defendeu que “muitos dos partidos do ID [família política europeia do seu partido] que estão no governo têm feito mais pelos refugiados ucranianos do que todos os amigos do doutor Luís Montenegro e os amigos do doutor Pedro Nuno Santos”, como “é o caso de Itália”.
E acusou o presidente do PSD de querer “desviar as atenções”.
Na ocasião, o presidente do Chega foi questionado também sobre o voto que o seu partido entregou no parlamento para que os deputados manifestem “a sua mais profunda e severa condenação ao sr. Presidente da República, e às palavras por ele proferidas, por reforçar a ideia de reparação e afirmar que Portugal deve pagar indemnizações pelo seu passado histórico nas antigas colónias”.
“Eu penso que o parlamento tem o poder, tal como pode condenar outros chefes de Estado, também pode condenar o nosso”, defendeu, e pediu o apoio de outros partidos para que o projeto seja viabilizado.
Questionado se esta iniciativa não põe em causa uma instituição, uma vez que pretende condenar o Presidente da República, Ventura defendeu que “foi a instituição que se pôs em causa a si própria, porque o Presidente da República, como eu disse no 25 de Abril, ele não é eleito pelos outros países, não é eleito pelas ex-colónias ou pelas ex-províncias”, mas sim pelos portugueses.
“Um presidente que faz isto aproxima-se muito de uma coisa que até é crime no Código Penal, que é traição à pátria”, disse.
Ventura indicou também que o partido está a ponderar tomar “outras iniciativas parlamentares”, mas recusou adiantar, remetendo o anúncio para terça-feira.
O presidente do Chega lembrou que o partido pediu a audição no parlamento do ministro dos Negócios Estrangeiros no parlamento e defendeu que era importante ouvir Paulo Rangel “explicar o que é que está em causa”.
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