“Todas as suas características – velocidade e altitude – são as de um míssil balístico intercontinental. A perícia está em curso”, disse Zelensky num vídeo publicado nas redes sociais, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

“O nosso vizinho louco (…) está a usar a Ucrânia como um campo de testes”, afirmou Zelensky.

Para o líder ucraniano, o ataque sem precedentes que Kiev atribuiu a Moscovo mostra “o quão assustado está” o presidente russo, Vladimir Putin.

Sem especificar o modelo, a Ucrânia acusou hoje a Rússia de ter disparado um míssil intercontinental contra a cidade de Dnipro (centro-leste), no que terá sido a primeira utilização deste tipo de arma num conflito.

Mesmo sem uma ogiva nuclear, a sua utilização, a confirmar-se, constituiria uma escalada sem precedentes da guerra e das tensões entre a Rússia e o Ocidente, segundo a AFP.

Os mísseis intercontinentais, que podem percorrer milhares de quilómetros, fazem parte do arsenal de dissuasão nuclear e são testados regularmente na Rússia.

A sua utilização não foi confirmada nem negada por Moscovo, que desde há vários dias tem vindo a usar uma retórica cada vez mais belicosa devido ao lançamento pela Ucrânia de mísseis norte-americanos contra o território russo.

“Não tenho nada a dizer sobre o assunto”, respondeu o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, quando questionado sobre a acusação ucraniana.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, recebeu instruções em direto, durante uma conferência de imprensa, para não comentar o ataque contra Dnipro.

Zakharova foi interrompida por uma chamada telefónica, de acordo com o vídeo oficial da conferência de imprensa difundido em direto no Youtube pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Uma voz grave ouviu-se do outro lado da linha, segundo a AFP.

“Relativamente ao ataque com mísseis balísticos a Yuzhmash [a fábrica], de que o Ocidente começou a falar. Não comente nada”, disse o interlocutor não identificado, que não faz qualquer referência a um míssil intercontinental.

De acordo com um canal nas redes sociais próximo do exército russo, a fábrica em Dnipro poderia ter sido alvo de um míssil intercontinental RS-26 Rubezh.

A Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, intensificou nos últimos dias os ataques em grande escala na Ucrânia, lançando avisos aos aliados de Kiev.

O Ministério da Defesa russo anunciou hoje que abateu “dois mísseis de cruzeiro Storm Shadow de fabrico britânico” disparados pela Ucrânia, sem especificar onde ou quando os mísseis foram intercetados.

O anúncio confirma a primeira utilização destas armas por Kiev contra o território russo.

No início da semana, a Ucrânia utilizou pela primeira vez mísseis norte-americanos ATACMS, com um alcance de 300 quilómetros, contra uma instalação militar na região russa de Bryansk, depois de ter recebido autorização de Washington.

Vários países ocidentais forneceram à Ucrânia mísseis de longo alcance, mas não permitem que sejam utilizados em território russo, receando a reação de Moscovo.