“Um trabalho muito intensivo com a equipa do Presidente [norte-americano, Donald] Trump tem decorrido durante todo o dia, a diferentes níveis, com muitos telefonemas. O tema é claro: a paz assim que possível”, declarou Zelensky no seu discurso diário, transmitido nas redes sociais.

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriï Sybiga, defendeu hoje que a liderança dos Estados Unidos é “essencial” para alcançar uma “paz duradoura” na Ucrânia, após uma conversa telefónica com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.

“A Ucrânia deseja o fim da guerra e a liderança dos Estados Unidos é essencial para alcançar uma paz duradoura”, escreveu o chefe da diplomacia de Kiev na rede social X, ao relatar o que debateu com o homólogo norte-americano.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.

As Forças Armadas ucranianas confrontaram-se, durante o terceiro ano de guerra, com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram depois a concretizar-se.

As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da autorização dada à Ucrânia pelo então Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

A novidade é que agora também o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer terras: terras raras, ricas em minerais essenciais para inovações tecnológicas, que vão desde veículos elétricos e turbinas eólicas a aviões de última geração, em troca da ajuda militar que Washington lhe forneceu e que entretanto suspendeu.

Antes de regressar à Casa Branca para um segundo mandato presidencial, Trump defendeu o fim imediato da guerra na Ucrânia, asseverando que o conseguiria em 24 horas, mas não foi bem-sucedido até à data.

Trump tem exigido um cessar-fogo imediato e, numa discussão sem precedentes ao receber na Sala Oval da Casa Branca o homólogo ucraniano, perante a comunicação social, criticou Zelensky por não estar “pronto para a paz”, disse-lhe que ele “não tinha as cartas” para ditar os termos do fim da guerra e acabou por congelar a ajuda militar dos Estados Unidos, essencial a Kiev, depois de o Presidente ucraniano abandonar Washington sem assinar o acordo sobre as terras raras.

Na quarta-feira, o chefe de Estado norte-americano admitiu restabelecer a ajuda à Ucrânia se as conversações de paz forem retomadas, segundo o conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional, Mike Waltz.

Zelensky e Putin garantiram em várias ocasiões que estão prontos para negociações de paz, mediante determinadas condições, mas nada foi materializado e continuam em lados opostos.

A Ucrânia pede garantias sólidas de segurança aos seus aliados, para evitar que Moscovo volte a atacar, ao passo que a Rússia quer uma Ucrânia “desmilitarizada” e que entregue os territórios que a Rússia afirma ter anexado, o que Kiev considera inaceitável.