Ninguém esperava, no Palmeiras, uma época com tanto sucesso. Neste ano, após épocas seguidas de grande investimento no mercado de transferências, a ordem era enxugar o plantel e apostar nos meninos da formação. Reconstruir um projeto vencedor, mas que dava sinais de estafa com jogadores caros e acomodados. Ao mesmo tempo, o sucesso do Flamengo colocava pressão por um futebol mais bonito, contra a eficiência priorizada nas conquistas anteriores.
Foi essa pressão por desempenho que tirou Luxemburgo do cargo e trouxe o português Abel Ferreira para o Palmeiras. E o começo até trouxe entusiasmo com um jogo mais direto e intenso do que o praticado anteriormente. Mas Abel ainda não teve tempo de implantar as suas ideias na equipa. Foram muitos jogos, muitas decisões, e pouco tempo para treino.
Desde o dia 30 de dezembro até o fim de fevereiro foram 18 jogos, incluindo a viagem para o Mundial de Clubes. Obviamente, a pressão das finais e o cansaço acaba por se refletir em campo e na queda de rendimento do Palmeiras. Mas os críticos não aliviaram. Mesmo sagrando-se campeão da Libertadores, título que não vinha desde 1999, a queda precoce no Mundial abafou um pouco o sucesso da equipa. A final da Taça do Brasil, neste domingo, é a oportunidade de terminar a época de 2020 (mesmo que em 2021) em alta.
É injusto pedir que Abel repita o que fez Jorge Jesus com um plantel diferente, inferior tecnicamente e mais inexperiente, principalmente num ano de pandemia com calendário abarrotado de jogos.
Ele conseguiu construir uma equipa eficiente, muito forte no contra-ataque e chegou a disputar todos os títulos. Na Libertadores, uma vitória brilhante por 3-0 fora de casa e contra o River Plate foi o grande momento. Quase que deixou a passagem até à final escapar, mas passou e venceu o Santos, no último minuto de um jogo prejudicado pelo nervosismo e pelo intenso calor do Rio de Janeiro.
No Mundial, sim, esteve mal. Difícil entender uma equipa que perdeu a valentia, mas pesa a inexperiência do próprio treinador e de grande parte do plantel, todos jovens de 20 anos. O pouco tempo entre a final da Libertadores e o jogo contra o Tigres também era uma dificuldade. Título histórico no domingo, eliminação na semana a seguir. Difícil manter o nível de concentração da equipa.
Mas, agora, com tempo para se preparar, Abel já venceu a primeira mão e segue, com vantagem, para definir o título em casa. Pode encerrar uma época de forma fantástica, que deixará os adeptos muito felizes e que colocará muita pressão na sua próxima temporada. Abel agora precisará entregar desempenho. Mas uma coisa de cada vez. Primeiro, é a hora de conquistar mais um troféu.
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