Depois do sucesso da "bolha", a NBA vai voltar aos pavilhões das 30 equipas da liga e isso significa trabalhar em 30 mercados diferentes, o que aumenta exponencialmente as hipóteses de ocorrência de surtos do novo coronavírus. Jogadores e staff das equipas serão testados diariamente e o comissário Adam Silver já explicou que casos independentes ou surtos pequenos não obrigam à suspensão ou cancelamento da época, mas essa possibilidade será sempre avaliada em caso de necessidade. As viagens são limitadas a comitivas de 45 pessoas, incluindo 17 jogadores, e volta a estar disponível uma linha telefónica para denúncias de violação do extenso protocolo de segurança da NBA. Os casos positivos serão isolados, os atletas cumprem uma quarentena de dez dias, a que se seguem mais dois dias de treino individual, o que implica quase duas semanas de ausência dos campos.
Uma coisa é certa: as equipas que evitarem o vírus terão mais probabilidades de sucesso dentro de campo. Fora das quatro linhas, já seis equipas anunciaram que os respetivos jogos em casa terão adeptos, embora em percentagem reduzida. Os Orlando Magic são a equipa que receberá mais adeptos (4000), seguidos dos Toronto Raptors (3800), que vão mudar-se para Tampa pelo menos na primeira metade da temporada, por força das restrições de viagens entre Canadá e Estados Unidos.
Há um alvo no lugar da coroa do Rei da liga?
Os Los Angeles Lakers são campeões e reforçaram-se bem no defeso. Sim, perderam peças importantes do cinco inicial e da rotação, mas compensaram com as entradas de jogadores considerados melhores em quase todas as posições. Há dúvidas sobre o que pode valer esta equipa nos Playoffs - se Montrezl Harrell, roubado aos rivais Clippers, for exposto defensivamente como na "bolha", a rotação interior de Frank Vogel ficará seriamente comprometida -, mas mantém as duas superestrelas, LeBron James e Anthony Davis, e asseguraram a continuidade de vários elementos decisivos na adição do 17.º troféu Larry O'Brien à vitrine do Staples Center.
A oposição é boa, mas também precisa de provar o que vale quando começarem os jogos a doer. Os L.A. Clippers juntaram Serge Ibaka à dupla Kawhi Leonard e Paul George e escolheram o gestor de egos Tyronn Lue para treinador, os Denver Nuggets perderam presença defensiva mas contam com a explosão de Michael Porter Jr. e Facundo Campazzo, os Utah Jazz e os Portland Trailblazers rezam à Nossa Senhora da Saúde para se manterem longe da enfermaria e confirmarem o potencial que têm no papel, e os Dallas Mavericks esperam mais um ano de sonho de Luka Dončić. Todos têm a mira apontada aos campeões e à espreita de um deslize do Rei.
O Este já não é o patinho feio?
Na ressaca da extensão de contrato de Giannis Antetokounmpo e a contratação do subvalorizado Jrue Holiday, os Milwaukee Bucks voltam a partir como favoritos a dominar... a fase regular, mas há muitas ameaças a "Greek Freak" e companhia, nomeadamente na fase a eliminar da competição, com os Brooklyn Nets à cabeça.
Kevin Durant e Kyrie Irving, treinados por Steve Nash, é uma combinação que promete, mas que está dependente da forma como ambas as superestrelas se apresentam após lesões prolongadas. Uns Boston Celtics que perderam Gordon Hayward mas aumentaram a rotação do banco, uns Philadelphia 76ers que contrataram lançadores exteriores para (tentar) fazer funcionar a dupla Ben Simmons-Joel Embiid, uns Toronto Raptors que perderam peças importantes mas continuam a ser treinados por uma das melhores equipas técnicas da liga e - claro! - uns Miami Heat que querem repetir a ida às Finais da NBA da última época. Todos são candidatos a chegar ao topo do Este, e ainda poderá surgir James Harden para baralhar as contas, numa troca no decorrer da temporada, uma vez que as equipas que têm sido mais faladas como destino do "Barbudo" são Nets, 76ers e Heat.
O torneio Play-in veio para ficar?
A aposta correu bem na "bolha" e, agora, será repetida, embora com alterações ao formato. No final da fase regular, os 7.ºs e 8.ºs classificados de cada conferência jogam uma partida, em casa da equipa melhor classificada, e quem vencer esse encontro assegura, de imediato, a «7th seed» nos playoffs. O 9.º e o 10.º classificados de cada conferência jogam uma partida, em casa do primeiro, e o vencedor defronta, por sua vez, o derrotado do tal jogo entre 7.º e 8.º, em casa deste último, pela «8th seed» nos playoffs. Ou seja, no final da fase regular apenas os seis primeiros de cada conferência têm garantias de estar nos playoffs. Depois será uma guerra entre os restantes.
A medida ajudará a desincentivar o «tanking» e dá esperanças a equipas que perdem jogadores importantes por lesão durante parte da época de ainda poderem recuperar e entrar nos dez primeiros classificados. E, como escrevemos em cima - há seis equipas de topo em cada conferência -, candidatos não faltam a estas quatro vagas por conferência para o torneio Play-in e dois lugares nos Playoffs (Houston Rockets, Phoenix Suns, San Antonio Spurs, New Orleans Pelicans e Golden State Warriors no Oeste; Indiana Pacers, Washington Wizards, Charlotte Hornets, Chicago Bulls e Atlanta Hawks no Este), que tem tudo para ter continuidade no futuro da liga norte-americana.
É este o ano de Luka?
Luka Dončić tem tudo para ser MVP já no terceiro ano de NBA. Outros candidatos crónicos serão nomes falados para esta corrida, mas é expectável que LeBron James, Anthony Davis, Kawhi Leonard e Kevin Durant, por motivos diferentes, falhem vários jogos ao longo da fase regular e não alimentem uma narrativa a seu favor, muito embora a 18.ª época do "King" e o regresso de KD sejam suficientes para lhes valerem muitos votos.
E não nos esqueçamos do vencedor do prémio MVP das últimas duas temporadas, ainda que talvez seja por isso mesmo que Giannis Antetokounmpo não chegue à terceira eleição consecutiva como melhor jogador da liga, ou seja, aquilo que os norte-americanos chamam de «voters fatigue». Uma segunda linha de candidatos - Jayson Tatum, Joel Embiid, Nikola Jokic, Damian Lillard - pode surgir se todos os astros estiverem alinhados, mas nenhum destes deverá apresentar números que se equiparem aos do base esloveno. Se os Dallas Mavericks conseguirem fixar-se no top-4 do Oeste no final da fase regular, este pode mesmo ser o ano de Luka.
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