Antes mesmo desta reta final, que colocará quartos de final e meias finais em disputa em 48h para os grandes de São Paulo, a escolha por priorizar as competições sul-americanas já criava problemas para Santos e Palmeiras. O time alviverde, de Abel Ferreira, quase ficou fora das fases finais por jogar a maioria dos jogos do estadual com reservas. Acabou por vencer e contar com a ajuda do rival Corinthians para se classificar. Já classificado para a próxima fase na Libertadores, torna-se um forte candidato a vencer o Paulistão se optar por usar os titulares.

O Santos, por outro lado, ficou de fora da fase final e, pior do que isso, correu o risco de ser despromovido no Estadual até a última jornada. A opção por usar reservas e juvenis arriscou o clube ao maior vexame de sua história. A recuperação ao escapar da degola e vencer o Boca, em casa pela Libertadores, colocou o comboio de volta ao trilho. Aproveitará a folga para evoluir sob o comando do novo treinador, Fernando Diniz, e lutar pela classificação no seu grupo no torneio continental.

Contudo, são Corinthians e São Paulo as equipas agora em foco. O Corinthians, com grave crise financeira e plantel fraco, tem no Estadual a única oportunidade de lutar por troféus no ano e a sequência de maus resultados na Sulamericana, com futebol abaixo da crítica, coloca pressão no trabalho de Vagner Mancini.

Ao optar por priorizar o Paulista, fazendo atuar os reservas na derrota de ontem por 4-0 para o Peñarol, aumenta a pressão por um bom resultado na fase final do estadual. Entretanto, será que a força da camisola será suficiente para levar o Timão à final?

O São Paulo, em jejum de troféus desde 2012, trata o Paulistão como um Mundial, palavras da própria diretoria. Numa equipa sob forte pressão dos torcedores pela falta de títulos e pelo desaire da última temporada, foi a lua de mel vivida com o treinador Hernán Crespo que deu força para a decisão de enviar reservas para o Uruguai, para o jogo contra o Rentistas pela Libertadores, para priorizar o Paulistão.

A escolha parece óbvia mas não é. A Libertadores é muito mais importante do que o Estadual, mas a proximidade de um troféu, para um clube com saudades de levantar taças, muda a ordem de prioridades.

Com a melhor campanha da primeira fase, o São Paulo pode decidir todas as fases em sua casa e precisa de quatro jogos para ser campeão, tirando um peso enorme da equipa, o que pode ser um reforço para os ânimos para o restante do ano.

Entretanto, ao explicitar o foco nesta competição e arriscar resultados maus na maior competição do ano, o São Paulo corre um risco grande. Perder o troféu será considerado um fracasso e, por mais que a classificação no seu grupo da Libertadores pareça certa, ficar em segundo lugar pode trazer um caminho mais difícil na próxima fase da competição.

Financeiramente ou desportivamente, vencer o Paulistão não é uma recompensa assim tão grande. Mas emocionalmente, para o torcedor e para os clubes, seria algo para se celebrar. Para os corinthianos, sem esperança com um time limitado, significaria um motivo para sorrir num 2021 que se desenha complicado.

Para os são-paulinos, pode ser a chave para voltar a um caminho vitorioso. Aposta com riscos altos demais, entretanto. Quem perder, verá todos os dedos apontados para si. Quem vencer, será um génio. E assim é o futebol, não é mesmo?