A atleta de 22 anos da cidade de Dnipro, que fugiu da Ucrânia após o início da invasão russa em fevereiro de 2022, venceu este domingo a prova de salto em altura com a marca de 2 metros um mês após bater o recorde mundial da modalidade (2,10 m) em Paris.

Numa entrevista à AFP na Casa da Ucrânia, no norte de Paris, Mahuchikh disse-se dececionada com o facto de que alguns atletas russos foram autorizados a competir em Paris sob bandeira neutra e não se tenham pronunciado contra a invasão.

"Não falaram nada contra esta guerra", disse a atleta, acrescentando que não sabe "como é possível competir" neste evento sem consentir com este gesto. "Os Jogos Olímpicos têm a ver com a paz", acrescentou.

Apenas 15 atletas russos estão presentes em Paris, muitos dos quais treinam no exterior, e permaneceram discretos até então.

No domingo, a tenista russa Diana Shnaider negou-se a falar sobre questões políticas após conquistar a medalha de prata nas duplas femininas com a sua companheira Mirra Andreeva.

"Estou aqui para falar sobre ténis", disse ela à imprensa, após ambas tornarem-se nas primeiras atletas da Rússia a ganharem uma medalha em Paris2024.

Mahuchikh, que também é a atual campeã mundial na modalidade, disse achar "terrível" que a Rússia tenha desprezado a noção de uma trégua olímpica ao continuar as suas operações militares na Ucrânia.

Após a vitória no domingo, a atleta dedicou o triunfo aos cerca de 500 treinadores e atletas mortos desde o início da invasão russa.

O ouro recém-conquistado tem um aspecto político, e a defensora do título olímpico, a russa Mariya Lasitskene, não pôde comparecer à competição em Paris visto que a Federação Internacional de Atletismo deixou todos os russos de fora.