“Não consegui acabar ainda aquilo que pensei, todos sabem o que se passou comigo, quero adiantar a todos os benfiquistas: não lesei, nem nunca roubei o Benfica, que fique claro para toda a gente”, disse o antigo presidente em declarações à BTV, instantes depois de votar nas eleições a que concorrem o seu antigo vice-presidente Rui Costa e o empresário Francisco Benitez.
Vieira, que esteve à frente do Benfica entre 2003 e 2021, falou pela primeira vez desde a sua detenção em julho, no âmbito da Operação Cartão Vermelho, que o levou, alguns dias depois, a renunciar à presidência do clube e da SAD benfiquista.
“Sinto-me como um homem perseguido, como uma peça de caça, que alguém quer dar um tiro, mas não vão conseguir, não vou permitir que façam isso a mim ou aos meus”, acrescentou o antigo líder dos ‘encarnados’.
Luís Filipe Vieira teve a sua primeira intervenção pública desde os acontecimentos de julho, quando foi detido, ocasião em que suspendeu as funções no Benfica, e uns dias depois efetivou a renúncia aos órgãos sociais.
“Os primeiros objetivos conseguiram, decapitar o Benfica, tenho a certeza que decapitaram. Sei para onde ia projetar o Benfica - mais longe -, e isso assustou muita gente”, considerou Vieira, sem apontar nomes.
Vieira foi um dos quatro detidos no início de julho numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do Benfica e Novo Banco e está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.
O antigo dirigente, de 72 anos, prometeu, doravante, ser interventivo na vida do Benfica, e manifestou, também, algumas deceções.
“Há desilusões com pessoas dentro do Benfica. Primeiro com a minha detenção e depois como me trataram a seguir, mas isso hei de esclarecer aos benfiquistas todos. Até ao final do ano ou em princípio de janeiro, irei falar para a família benfiquista”, prometeu.
Vieira disse que na sua gestão quem decidia era ele e que parece que a democracia a mais faz mal, assinalando que foi sem essa democracia – como alguns criticam -, que o clube cresceu da maneira que o fez nos últimos anos.
“Devem ter orgulho, o Benfica nunca teve um património como tem hoje, pago”, acrescentou, ironizando que todos os que se sentarem numa cadeira, que utilizem a casa de banho ou que usem uma secretária, terão de se lembrar de si, lembrando também Mário Dias, o engenheiro responsável e mentor da construção do estádio.
A finalizar, o antigo presidente disse que ninguém sentiu que ele saiu e isso também lhe é devido, por ter profissionalizado o clube.
“Nada mudou, ninguém contribuiu para nada. Foi a estrutura profissional que pôs o Benfica em marcha e a funcionar. Orgulho-me muito. É sinal de que fiz um bom trabalho”, disse ainda.
Em relação às eleições, Luís Filipe Vieira disse que Rui Costa “merece a oportunidade de servir o Benfica”, e que foi muito importante o apelo que fez para mobilizar os sócios.
“De um lado temos um homem que é benfiquista, um homem que esteve muito tempo e que sabe perfeitamente para que lado o Benfica tem de caminhar, e do outro temos um benfiquista que não passa de um demagogo”, criticou o ex-dirigente.
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