Roma e Feyenoord são duas equipas com história no futebol italiano, neerlandês e europeu. Ambas já venceram títulos europeus e no seu país de origem, se bem que a equipa de Roterdão leva vantagem ampla no que a palmarés diz respeito: 15 campeonatos e 13 taças dos Países Baixos contra três campeonatos e nove taças ganhas pelos romanos em Itália; uma Liga dos Campeões e duas Taças UEFA (atual Liga Europa, sendo que última foi conquistada há precisamente 20 anos, num arbitrado pelo português Vítor Pereira) conquistadas pelo clube de Roterdão contra uma Taça das Cidades com Feira (que pode ser equiparada à atual Liga Europa, apesar de não ter sido organizada pela UEFA – sim, esta competição já teve vários nomes...) da parte da equipa de Roma.

E sendo certo que o Feyenoord venceu todas as finais europeias em que participou e que, em termos de historial, estaríamos conversados, não há menos verdade que do lado italiano há um fator que não é de somenos: no banco dos romanos está José Mourinho, o português que nunca perdeu uma final europeia. Isso mesmo: das quatro vezes que foi à final de uma competição europeia (duas pelo FC Porto, uma pelo Inter e outra pelo Machester United), Mourinho ganhou sempre, corporizando a frase futeboleira que diz que “as finais não são para se jogar, são para se ganhar”.

Tanto italianos como neerlandeses chegaram a esta primeira final da história da Liga Conferência depois épocas modestas a nível interno (Roma ficou em 6.º na liga italiana, Feyenoord fechou o pódio na liga dos Países Baixos, atrás do campeão Ajax e do PSV que foi liderado pelo recentemente contratado treinador do Benfica, Roger Schmidt), pelo que a oportunidade de vencer títulos esgotava-se neste jogo, para ambos os clubes.

O início do jogo foi pautado por um maior domínio da posse de bola do conjunto de Roterdão – apesar de Rui Patrício, titular da baliza romana, não ter sido incomodado –, mas a pouco e pouco a Roma foi equilibrando, mesmo que aos 16 minutos tenha sido obrigada a fazer uma substituição, colocando em campo Sérgio Oliveira (o outro português do conjunto da capital italiana) por troca com o arménio Henrikh Mkhitaryan.

E esse equilíbrio tornou-se rapidamente em vantagem, quando Mancini descobriu Zaniolo na área neerlandese e o italiano apontou o seu quinto golo da competição, abrindo o marcador em Tirana, capital albanesa que recebeu esta primeira final da Liga Conferência.

O golo fez saltar toda a gente do banco italiano mas José Mourinho rapidamente refreou os ânimos e mandou sentar toda a gente, como que a prever que “muita água havia ainda de correr debaixo da ponte” deste jogo.

E o treinador setubalense tinha razão, porque, logo nos primeiros momentos da segunda parte, Rui Patrício viu uma bola embater no seu poste e, na sequência da jogada, foi obrigado a fazer uma defesa apertadíssima para canto. Logo depois, pontapé muito forte de Malacia, lateral esquerdo do conjunto de Roterdão, e novamente o guardião português a negar o golo com uma defesa incrível que fez a bola ressaltar no poste. O Feyenoord entrava disposto a empatar, a Roma defendia-se como podia, com São Patrício na baliza.

Numa segunda parte praticamente de sentido único, um remate do francês Jordan Veretout foi uma espécie de oásis no que toca a oportunidades romanas na segunda parte, isto enquanto o Feyenoord carregava mas sem incomodar verdadeiramente Rui Patrício. Isto até chegarmos aos últimos cinco minutos da partida, em que Pellegrini apareceu na cara do guardião neerlandês e desperdiçou a oportunidade de arrumar com a partida e impedir a pressão da equipa de Roterdão até final da partida.

A pressão existiu, mas a verdade é que, até final, o marcador não mais se alterou e o golo de Zaniolo foi suficiente para dar a vitória à Roma nesta primeira final da Liga Conferência, o primeiro título dos romanos desde 2008, ano em que venceram a Taça de Itália com um plantel onde ainda figuravam nomes como Francesco Totti (grande ídolo romano), De Rossi, Panucci e... Antunes (esse mesmo, o lateral esquerdo português que atualmente joga pelo Paços de Ferreira).

Com este resultado, José Mourinho, que já se tinha tornado no primeiro treinador a chegar a finais europeias com quatro equipas diferentes, tornou-se no primeiro treinador da história a vencer as competições organizadas pela UEFA: Liga dos Campeões, Liga Europa e, agora, Liga Conferência.