As últimas semanas vieram trazer uma nova perspetiva a um final de época pouco prometedor no que diz respeito a jogadores que podem mudar de ares. Kawhi Leonard é o nome mais sonante a poder terminar contrato este verão, sendo que, no início desta temporada, ninguém admitia outro cenário que não fosse a ativação do ano extra de contrato do extremo com os Los Angeles Clippers, para continuar na busca do terceiro título da NBA por três equipas diferentes, depois de se ter sagrado campeão pelos San Antonio Spurs em 2014 e pelos Toronto Raptors em 2019. Agora, após a eliminação dos californianos na final da conferência Oeste, em que Kawhi não jogou devido a uma lesão sofrida na série frente aos Utah Jazz, há notícias do eventual descontentamento do duas vezes MVP de Finais com o departamento médico dos Clippers e os rumores não se fizeram esperar.
Tal como Kawhi, também o veterano Chris Paul pode decidir mudar-se para uma equipa que lhe dê um contrato longo e bem pago - alô, New York Knicks? -, até porque o dono dos Phoenix Suns, Robert Sarver, não é adepto de abrir os cordões à bolsa e sabe que terá que prolongar os contratos dos jovens Mikal Bridges e DeAndre Ayton em breve. Mas, ao contrário de Kawhi, CP13 ainda está em prova e pode vencer o primeiro título da NBA numa carreira de 16 anos, o que pode levar o base de 36 anos a querer - se é que não tem já essa intenção - prolongar o vínculo com a formação do Arizona. E um verão com Kawhi Leonard e (a melhor versão de) Chris Paul disponíveis no mercado, para além da suposta disponibilidade para troca de Damian Lillard (Portland Trail Blazers), Ben Simmons (Philadelphia 76ers), Pascal Siakam (Toronto Raptors) e Bradley Beal (Washington Wizards), promete ser escaldante.
Lillard estará insatisfeito com a gestão que o «front office» dos Trail Blazers tem feito da equipa, desde a formação do plantel aos ataques dos adeptos por defender a contratação do treinador Chauncey Billups. Simmons tornou praticamente impossível a sua continuidade em Philadelphia, depois de ter tido uma preponderância quase nula no ataque dos 76ers frente aos Atlanta Hawks. E Siakam tem sido cada vez mais apontado em rumores de trocas, o que leva a admitir que os Raptors estão arrependidos de lhe ter dado um contrato máximo. Por falar em contratos, Lillard e Simmons têm quatro anos ainda pela frente, menos um do que Siakam.
Mas não ficamos por aqui. Mike Conley (Utah Jazz), Kyle Lowry (Toronto Raptors), DeMar DeRozan (San Antonio Spurs), Victor Oladipo (Miami Heat), Dennis Schröder (Los Angeles Lakers), Kelly Oubre Jr. (Golden State Warriors), Tim Hardaway Jr. (Dallas Mavericks), Kelly Olynyk (Houston Rockets), Spencer Dinwiddie (Brooklyn Nets), Derrick Rose (New York Knicks), Doug McDermott e T.J. McConnell (Indiana Pacers), P.J. Tucker (Milwaukee Bucks) e Richaun Holmes (Sacramento Kings) são alguns dos nomes com maior cotação no mercado de jogadores livres sem restrições [unrestricted free agents].
Apesar de serem jogadores que têm liberdade total de escolher o futuro, é possível que alguns deles continuem nas mesmas equipas mesmo com propostas financeiramente inferiores às de outros conjuntos, por estarem em formações que lutam por objetivos que os motivam ou apenas por uma questão de estabilidade familiar e desportiva. É o caso de Conley, por exemplo, que não deve sair de Salt Lake City. No entanto, nomes como Lowry, DeRozan, Schröder, Dinwiddie e Holmes serão certamente alvo de autênticos leilões e poderão vestir um novo equipamento em 2021/22, por serem atletas que procuram contratos bem pagos nesta fase da carreira.
Depois, há os jogadores livres com restrição [restricted free agents]. Lonzo Ball e Josh Hart (New Orleans Pelicans), John Collins (Atlanta Hawks), Jarrett Allen (Cleveland Cavaliers), Duncan Robinson e Kendrick Nunn (Miami Heat), Malik Monk e Devonte' Graham (Charlotte Hornets), Lauri Markkanen (Chicago Bulls), Gary Trent Jr. (Toronto Raptors), Bruce Brown (Brooklyn Nets) e Talen Horton-Tucker (Los Angeles Lakers) estão nesta condição em que, se a equipa atual igualar as propostas que recebam de outras paragens, os jogadores são obrigados a ficar onde estão. Nos casos de Ball, Collins e Markkanen, entre outros, houve tentativas de negociar a extensão de contrato durante a última época, mas equipas e jogadores não chegaram a entendimento, abrindo a porta da saída. Ainda assim, é possível a continuidade.
Por fim, os atletas que têm o poder de decidir se querem continuar nas atuais equipas. Os já falados Kawhi Leonard e Chris Paul são as grandes estrelas deste grupo de jogadores, que inclui ainda nomes como Will Barton (Denver Nuggets), Josh Richardson (Dallas Mavericks), Norman Powell e Derrick Jones Jr. (Portland Trail Blazers), Montrezl Harrell (Los Angeles Lakers), Serge Ibaka (Los Angeles Clippers) e Bobby Portis (Milwaukee Bucks). Nestes casos [player option], os jogadores decidem se querem prolongar por mais uma época a ligação que têm com a equipa atual ou se terminam contrato de imediato para testar as águas da «free agency». Podem até terminar o contrato e voltar a negociar uma nova ligação com a mesma equipa, com valores e duração diferentes. Existem, também, casos em que são as equipas que têm a opção de acionar mais um ano de contrato para alguns atletas [team option], como Mitchell Robinson (New York Knicks), Goran Dragic e Andre Iguodala (Miami Heat).
Agora todos estamos focados nas Finais da NBA e, logo depois, no draft que pode ficar marcado pela chegada à liga norte-americana do primeiro português de sempre, o poste Neemias Queta, mas com nomes como Kawhi Leonard, Chris Paul, Damian Lillard, Ben Simmons e Pascal Siakam envolvidos diariamente em rumores, a paisagem da NBA voltará a mudar e este verão pode ser mais emotivo do que alguma vez se imaginou.
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