Uma vitória, três empates e uma derrota. Antes da visita do Tottenham a Old Trafford nesta noite, José Mourinho apenas tinha perdido por na casa dos Red Devils em jogos da Premier League. Por outro lado, nos cinco jogos em que defrontou o Tottenham quando ainda se sentava no banco do Manchester United, o treinador português venceu por duas vezes e perdeu as restantes três. Os dados estavam lançados para um jogo que, para além de colocar frente-a-frente o 6.º (Tottenham) e o 10.º (Manchester United) classificados da Premier League, era muito mais do que isso.
Em primeiro lugar, porque José Mourinho regressava a um local onde disse que foi feliz. E se é verdade que as primeiras duas épocas com os Red Devils não correram propriamente mal (na primeira venceu Supertaça, Taça da Liga e Liga Europa, ao passo que na segunda ficou em 2.º lugar no campeonato, naquele que o treinador português considerou um dos seus “melhores trabalhos”), a terceira não foi propriamente sinónimo de felicidade, com Mourinho a não terminar sequer a época em Manchester (foi despedido em dezembro de 2018). Não obstante, isso não significa que o agora Smilling One não tenha sido bem recebido pelos funcionários dos Red Devils neste seu regresso a Old Trafford, como o Twitter tratou de mostrar:
Com três vitórias nos três jogos que disputou pelos Spurs (duas na Premier League e uma na Liga dos Campeões), Mourinho chegava a Old Trafford em alta e com o Tottenham em franca recuperação na tabela da liga inglesa, onde já “só” está a seis pontos do (também “seu”) Chelsea, quarto classificado.
Por outro lado, o Manchester United não atravessa o seu melhor período, com o pior arranque de campeonato dos últimos 30 anos. É preciso recuar até à temporada de 1988/1989 para encontrar um início de temporada tão mau, sendo que nesse ano os Red Devils terminaram em 11.º lugar. Nos 14 jogos disputados na Premier League neste ano, apenas em dois deles não sofreram golos, somando ainda uma percentagem de aproveitamento dos seus remates de 8,86% desde que Ole Gunnar Solskjaer assumiu o comando técnico da equipa depois da saída de Mourinho na temporada passada (ou seja, apenas menos 10% dos seus tiros à baliza resultam em golo desde que o norueguês passou a ser o dono do banco dos Red Devils).
Mas há mais: o United de Solskjaer soma menos quatro pontos do que o United de Mourinho somava na temporada passada, mostrando que a mudança no comando técnico não teve, pelo menos nesta época, o efeito desejável num clube que talvez ainda não tenha recuperado totalmente desde a saída do histórico Alex Ferguson, treinador dos Red Devils durante 26 anos, que abandonou os bancos em maio de 2013 e que esteve esta noite nas bancadas de Old Trafford a assistir à partida.
Contudo, o início do jogo não poderia te corrido melhor para a equipa da casa. Tinham passado apenas seis minutos quando um passe de calcanha de Lingard (numa jogada onde Davinson Sánchez facilitou) isolou Marcus Rashford e este, descaído para a esquerda mas já dentro da área dos londrinos, rematou forte junto ao poste direito de Gazzaniga (que também não fica propriamente bem na fotografia) e abriu o ativo em Old Trafford. 1-0 para o United, naquele que foi o oitavo golo do jovem avançado inglês na edição deste ano da Premier League.
A primeira metade da primeira parte foi quase toda dos Red Devils, de resto, com destaque para um remate de Mason Greenwood (jovem de 18 anos que fez a sua estreia a titular na Premier League) para defesa apertada do guardião dos Spurs e para uma bomba de Rashford que bateu com um estrondo na barra.
Até que surgiu Dele Alli. Numa jogada de insistência do Tottenham, um remate de Aurier provoca uma defesa de De Gea que faz a bola subir bastante e, na trajetória descendente, um toque em habilidade do homem que José Mourinho acha que "tem tudo para ser um jogador top" tirou os defesas do United da jogada e isolou-o frente ao guarda-redes espanhol dos Red Devils, que nada pode fazer face ao disparo de Dele, praticamente à queima-roupa. Estava refeita uma igualdade no marcador que os Spurs não tinham feito muito por merecer mas que levaria tudo empatado para os balneários.
A segunda parte, no entanto, começaria como a primeira: com o Manchester United a marcar. Rashford foi derrubado dentro da área por Sissoko e três minutos depois do reatamento o avançado inglês concretizava o penálti, bisava na partida e recolocava os Red Devils na frente do marcador.
Para além de Rashford, a boa exibição do Manchester United era também, em grande parte, responsabilidade de Scott McTominay, jovem de 22 anos lançado por Mourinho na sua primeira época com treinador dos Red Devils e que encheu o campo neste seu regresso à competição (tinha falhado as últimas três partidas devido a lesão). McTominay, de resto, confessou recentemente que ainda conversa com o treinador português depois de alguns jogos, algo que deve ter parado depois de Mourinho ter ingressado no Tottenham. Os eventuais conselhos, contudo, parecem ter resultado, com o médio a fazer esquecer Pogba (de fora desde o final do mês de setembro) no jogo desta noite frente aos Spurs.
O jogo não mais sofreria alterações e, com este resultado, o Manchester United ultrapassou o Tottenham na classificação. Os Red Devils são agora sextos classificados, com 21 pontos, ao passo que o Tottenham desceu para o 8.º lugar, com 20. E Mourinho somou a segunda derrota na Premier League em jogos frente ao gigante de Manchester disputados em Old Trafford.
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