Com a Lei Bosman e a consequente globalização do futebol, o abismo financeiro entre os clubes de topo na Europa e os seus rivais globais favoreceram a captação de talento. É inegável que os principais jogadores estão espalhados por clubes europeus e que a Champions League assumiu um papel de destaque global no mundo do futebol.

No caso da América do Sul, principalmente nos históricos clubes brasileiros e argentinos, o papel secundário de exportador de matéria-prima, cada vez mais jovem, foi assumido quase que naturalmente e, apesar de esforços para começar a contrariar essa realidade, os campeões da Libertadores chegam sempre como outsiders para este confronto.

O eurocentrismo faz com que o Mundial de Clubes seja muito valorizado na América do Sul e quase ignorado na Europa, principalmente pelos clubes de países não latinos. Historicamente, para os clubes sul-americanos, era uma oportunidade para se mostrarem a nível mundial e o jogo o mais importante do ano. Mas desde 2012 que um campeão da Libertadores não vence o Mundial — neste período algumas vezes nem à final chegaram.

Em 1999, antes dessa vertiginosa mudança se intensificar, o Palmeiras dispunha de uma equipa extremamente talentosa. No 11 inicial estavam nomes como Marcos, Roque Junior, Junior Baiano, Zinho, Júnior, Arce, Asprilla, César Sampaio. Todos jogadores de Campeonato do Mundo (de seleções). Havia ainda Alex, o número 10, antes de sair para uma carreira brilhante na Turquia. O treinador era Felipão e, apesar de já haver alguma admiração pelo adversário, o confronto era bastante equilibrado.

O Manchester era a melhor equipa da Europa na época e contava com grandes jogadores, mas não era uma seleção mundial como temos hoje nos principais vencedores da Champions. As histórias contadas por César Sampaio (vídeo abaixo) são hilariantes e marcam a derrota do Palmeiras, num jogo equilibrado, graças a uma falha do ídolo Marcos. 

A partir desta final, ainda tivemos campeões latinos, principalmente argentinos, mas o desnível era cada vez mais evidente. Os dois títulos brasileiros de 2005 e 2006, São Paulo vs Liverpool e Internacional vs Barcelona, respetivamente, já foram conquistados através de grandes atuações defensivas. Em 2012, com o troféu do Corinthians contra o Chelsea (talvez o mais fraco campeão europeu da última década) marcou o último ano de possível igualdade no confronto.

Hoje, o Palmeiras volta ao Mundial para outra realidade. Não é mais apenas um confronto contra o campeão Europeu. Precisa de vencer o Tigres numa meia-final que promete ser bem difícil, antes de sonhar em conquistar o troféu. Depois, deve enfrentar o rolo compressor do Bayern de Munique, que destruiu rivais na última Champions League.

Não só o dinheiro, mas também a organização e o profissionalismo ampliaram a distância entre os continentes. O Palmeiras, nos últimos anos, tem feito um excelente trabalho de reconstrução e de desenvolvimento do seu clube. Leva um grupo cheio de talento jovem, tipo exportação. Um treinador europeu. E sonha em terminar com a piada de não ter mundial, apesar de jurar que 1951 conta. Sonhar não mata, mas vai precisar de se superar para se sagrar o novo Campeão do Mundo.

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