Pablo Escobar é um conhecido narcotraficante colombiano, com direito a livros, filmes, séries e documentários sobre si (ou em que a sua “personagem” está presente), que o colocam ao nível de muitas das figuras que marcaram o século XX. Na recente série “Narcos”, da Netflix, Escobar é encarnado pelo ator brasileiro Wagner Moura, e foi através da sua boca que, nos últimos anos, a frase que dá título a esta crónica ficou popularizada. “Plata o plomo?” (“Prata ou chumbo?”, numa tradução livre) é a pergunta que, na série, Escobar fez a um grupo de forças de segurança quando estes intercetaram um camião seu com material de contrabando, dando-lhe a escolher entre serem subornados ou assassinados.

Pode haver quem diga que se trata de uma tentativa forçada de fazer um paralelismo entre os “plomos” disparados por Luis Díaz (do FC Porto) e Alfredo Morelos (do Rangers) e a frase de Escobar. Mas, quem viu o jogo e a série, sabe que os "chumbos" dos colombianos foram, sem dúvida, os dois principais momentos a ficar na retina de quem assistiu à partida.

Díaz e Morelos são ambos colombianos – este último jogou no Independiente de Medellín (rival do Atlético da mesma cidade, clube a que Escobar costuma ser associado devido ao forte investimento que efetuou no mesmo nos anos 80, ainda que tenha investido em ambos) –, companheiros da seleção sul-americana comanda pelo português Carlos Queiroz e foram os principais protagonistas da partida, marcando os golos das suas respetivas equipas que fizeram o resultado desta noite.

E sendo certo que ambos os jogadores cafeteros (alcunha pela qual são conhecidos os futebolistas colombianos, devido à emblemática produção de café no país) marcaram, seria injusto classificar os golos da mesma forma.

O primeiro, de Luis Díaz, é, acima de tudo, uma grande jogada individual. Depois de recuperar uma bola no meio-campo escocês, o colombiano trabalhou bem e disparou um autêntico míssil na direção da baliza de Allan McGregor, mais concretamente para a zona conhecida na gíria futebolística como aquela “onde a coruja faz o ninho”.

Foi aos 35 minutos de jogo que Díaz abriu, desta forma, o marcador, numa primeira meia hora que foi dominada pelos Dragões e que viu ainda Zé Luís enviar a bola ao poste da baliza dos escoceses.

A prestação de Díaz, no resto da partida, acabou por ser discreta. Mas quem dispara aquele “plomo” merece todo o crédito em “plata” – viram o que fiz aqui? Não? Sim? Bom, adiante.

Já o golo de Morelos é, acima de tudo, uma grande jogada coletiva. Um ataque rápido que está escrito nos livros. Uma jogada em que, com cinco toques, a bola foi da defesa escocesa para dentro da baliza dos Dragões.

O avançado colombiano, que saiu do Independiente de Medellín para o HJK da Finlândia (46 golos em 64 jogos) e daí para o Rangers (64 golos em 112 jogos) é talvez a principal figura da equipa comanda por Steven Gerrard, lenda do Liverpool que chegou ao gigante escocês na temporada passada e que lidera a equipa técnica de um plantel com mais ingleses... que escoceses.

Morelos, de resto, já tinha ameaçado, com um cabeceamento à barra da baliza de Marchesín meros quatro minutos antes de efetivar a jogada que deu mesmo em golo. O seu “plomo” que alvejou as redes dos Dragões foi aquele que acabou por fechar o resultado, numa partida que viu o seu marcador encerrar ainda antes do final da primeira parte.

Na segunda metade, apesar do Rangers ter entrado melhor, voltou a imperar o equilíbrio, cabendo o destaque a Marchesín e McGregor, que conseguiram proteger as suas balizas de um cabeceamento de Morelos (quem mais?) e de remates de Soares e Uribe, respetivamente.

Contas feitas, FC Porto e Rangers conquistam o quarto ponto nesta edição da Liga Europa e medirão forças já no próximo dia 7 de novembro, em Glasgow, numa partida que pode começar a decidir as contas deste Grupo G que é liderado pelos Young Boys (os suíços bateram o Feyenoord em casa por 2-0) com 6 pontos, mais dois que portistas e escoceses, mais três que os holandeses.

Bitaites e postas de pescada

O que é que é isso, ó meus?

Estávamos no minuto 79 e o FC Porto procurava o golo que lhe poderia permitir voltar à liderança do marcador. Num canto no lado direito do ataque dos Dragões, Alex Telles cruza para o coração da área, Marcano desvia de cabeça e ao segundo poste há três (!) jogadores dos portistas que não conseguem desviar para a baliza (Pepe, Soares e Uribe). O saudoso Jorge Perestrelo não teria dúvidas em entoar a frase que dá titulo a este parágrafo...

Morelos, a vantagem de ter duas pernas

O jogo do avançado colombiano de 23 anos foi completo, dos momentos de esforço aos de maior brilhantismo. Deu muito trabalho a Pepe e a Marcano (obrigou-os a fazer faltas em zonas perigosas e que poderiam ter sido melhor aproveitadas pelos seus companheiros nas sequências dos respetivos livres), foi praticamente letal à frente da baliza (dos três remates que fez, um deu em golo e outro foi ao poste) e é muito graças a ele que o Rangers se encontra na discussão pela qualificação nesta edição da Liga Europa (soma dois golos nestes três primeiros jogos desta fase, aos quais se somam os oito marcados na fase de qualificação) e, já agora, na Premiership escocesa, onde divide a liderança com o eterno rival Celtic.

Fica na retina o cheiro de bom futebol

O golo do FC Porto é uma jogada individual de génio, mas o tento que deu o empate ao Rangers é quase um hino ao ataque rápido. A bola é passada da defesa dos escoceses para a zona frontal onde está Kent (toque 1), este dá de primeira e em habilidade para Barisic que se isolava pela esquerda (toque 2), o croata cruza também de primeira para Morelos (toque 3) e o colombiano ajeita o esférico (toque 4) e remata para o fundo da baliza dos Dragões (toque 5). Cinco toques que colocaram a bola de perto da área do conjunto de Glasgow, para dentro baliza do FC Porto.

Nem com dois pulmões chegava a essa bola

É certo que Allan McGregor, guarda-redes do Rangers, já ostenta a bonita idade de 37 anos (faz 38 primaveras em janeiro do próximo ano), mas nem que tivesse menos 20 chegava ao míssil disparado por Luis Díaz que abriu o marcador. O colombiano disparou um remate colocadíssimo e o guardião escocês bem que se podia tomar uma poção de rejuvenescimento que nem assim lá chegaria.

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