Há três anos a esta parte que venho a falar aqui da revolução do futebol inglês, mais precisamente na formação de atletas. Desde a reestruturação da formação sobre a qual falei em A Revolução no Futebol Inglês Parte I e Parte II, a um dos maiores responsáveis pelo colocar em prática de toda a teoria, em O Talento Forma-se, ao recente sucesso dos escalões de formação dos Três Leões, em Geração d’ouro? até finalmente às dificuldades de concretização de todo o projeto em Este país não é para jovens.
O paradigma Solskjær e o facto de não existir pressão (uma vez que o carinho dos adeptos pela sua pessoa é exemplar e as expectativas são mínimas) estão a contribuir para o sucesso do técnico norueguês à frente do gigante de Manchester. Ainda assim, falta de pressão é uma coisa, arriscar sem qualquer ponta de medo de arrependimento é outra. E é aí que reside o mérito de Solskjær.
Há pouco mais de uma semana, Ole Gunnar Solskjær teve que comandar a sua equipa num jogo de altíssima responsabilidade frente ao PSG e que, apesar, de como vimos, não ter muito a perder, teve que lidar com as diversas ausências. Com Nemanja Matić, Jesse Lingard, Ander Herrera, Juan Mata, Anthony Martial, Alexis Sanchez, Matteo Darmian, Paul Pogba (suspenso), entre outros, eram dez o total de jogadores indisponíveis para o encontro frente ao líder da liga francesa.
Podemos sempre dizer que Solskjær foi obrigado a apresentar uma formação mais jovem (sem dúvida alguma) assim como se pode dizer que teve que ter um banco praticamente júnior. No entanto, o que não se pode dizer, é que Solskjær teria que utilizar esses mesmos jogadores para tentar surpreender o PSG, confiando nesses mesmos jovens para assegurar o que era considerado ser quase impossível: dar a volta à derrota de 2-0 em casa.
A formação a dar cartas
A juntar aos dois experientes jogadores do United, Sergio Romero (32 anos) e Marcos Rojo (28 anos), juntaram-se no banco de suplentes Diogo Dalot (19 anos), James Garner (18 anos, mas na altura do jogo ainda com 17), Angel Gomes (18 anos), Tahith Chong (19 anos) e Mason Greenwood (17 anos), sendo que os últimos quatro são produtos da academia do United. Porém, nem só no banco estavam os jovens da formação do United. Foram sete os jogadores com 25 anos ou menos utilizados a titulares. E, entre eles, estavam Marcus Rashford, Scott McTominay, Andreas Pereira, todos eles provenientes da formação dos Red Devils. Se contarmos com Jesse Lingard, que como disse anteriormente não pôde jogar devido a lesão, e Paul Pogba, são muitos os jogadores da formação a serem aproveitados por este Manchester United.
Tendo assinado pelo Manchester United ainda com vinte e três anos de idade, Solskjær tem a percepção da importância da formação no Manchester United uma vez que viu e partilhou sucesso com a classe de 92 e com jogadores como Beckham, os irmãos Neville, Paul Scholes, Nicky Butt, todos dois anos mais novos que Solskjær. A relação com Sir Alex Ferguson também parece ser perfeita e todos os fatores parecem alinhar-se em volta do Baby Face Assassin, como era conhecido Solskjær nos seus tempos de marcador de golos decisivos pelos vermelhos de Manchester.
Os talentos a ter em atenção da ‘fábrica’ do United
Angel Gomes — A capacidade atlética e a usual posição de extremo podem enganar. Nicky Butt já alertou para o facto de Gomes ser um excelente criador de jogo. Com capacidade de reter a bola e fazer jogar a sair a jogar de trás, o jovem de 18 anos é uma das principais promessas do Manchester United.
James Garner — Com apenas 17 anos, o médio dos Red Devils é um líder nato. Capitão das seleções jovens inglesas há alguns anos, Garner já foi apelidado por Solskjær como o novo Michael Carrick. De área a área, Garner poderá ser nos próximos anos uma presença habitual no onze do United.
Tahith Chong — Chamado para o estágio de pré-época da equipa principal esta temporada, Chong já não é, de todo, uma cara desconhecida da Premier League e do futebol inglês. O extremo/avançado tem no seu físico e na capacidade técnica os seus pontos fortes. Já com minutos jogados na Liga dos Campeões, o holandês é já uma das apostas de Solskjær e será, com toda a certeza, um dos trunfos a partir da próxima época.
Mason Greenwood — O jovem de quem se fala. Com apenas 17 anos, o avançado das camadas jovens do United é uma das maiores promessas mundiais. Com uma capacidade incrível de concretização, Greenwood poderá ter o que é necessário para preencher as botas de um avançado do United muito em breve.
Notas de Destaque — Ethan Laird, Callum Gribbin, Lee O’Connor, Di-Shon Bernard e Ro-Shaun Williams. São muitos os jogadores a sair da cantera do United, mas mais importante que isso, parece ser a vontade (de momento) em apostar nos mesmos.
O tema que abordei quatro dias antes do natal em Um problema de estratégia, como a solução a ter que ser colocada em prática pelo Manchester United, se quer voltar ao topo do futebol inglês sem investir o mesmo que o seu vizinho de Manchester, poderá estar, finalmente, ser colocada em prática. Parecem estar reunidas todas as condições, desde o departamento técnico, aos jogadores até ao sucesso (imediato) por estes alcançados. O cenário não poderia ser melhor que o atual e será com interesse que continuarei a seguir o desenvolvimento estratégico do Manchester United já que poderá, assim como o Tottenham, servir de exemplo para clubes em todo o mundo.
Esta semana, a meio gás, na Premier League
A meio gás é precisamente a velocidade a que a Premier League irá circular este fim de semana. Com apenas cinco jogos no programa, já que seis dos clubes envolvidos nos quartos-de-final da FA Cup, a serem jogados precisamente este fim de semana, são clubes que pertencem à Premier League. Assim sendo, e sem nenhum jogo ‘grande’ para a liga, todas as atenções se voltarão para, claro está, o Manchester United, que defronta a nossa tão bem conhecida alcateia de Nuno Espírito Santo. A não perder no sábado, dia 16, pelas 19h55.
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