O antigo jogador fez parte de uma das melhores campanhas do Benfica nas últimas décadas, na temporada 2011/2012, quando a então equipa liderada por Jorge Jesus só caiu nos quartos-de-final, diante do poderoso Chelsea. Agora, Saviola não traça metas para a formação de Roger Schmdit, mas diz que está encantado com o futebol da sua antiga equipa.

“O Benfica fez uma campanha extraordinária. Provavelmente muitos não esperavam o seu apuramento, num grupo com PSG e Juventus, mas acabaram mesmo por vencê-lo. Vi alguns jogos, fiz comentários no jogo contra o PSG, e gostei muito do Benfica. Jogaram sempre sem medo e praticaram um futebol ofensivo, que encantou todos, inclusive a mim”, salientou o argentino, manifestando confiança no confronto desta tarde com os belgas, em Brugge.

“Penso que o Benfica seja favorito, por tudo o que já demonstrou na Liga dos Campeões. É verdade que quem chegou a esta fase tem de ter uma grande equipa, logo o Brugge também é forte. Mas penso que o Benfica vai vencer e depois é jogar jogo a jogo e pensar que podem chegar longe. O Benfica tem grandes jogadores um treinador muito bom. Saída de Enzo? Mesmo sem ele, o Benfica pode continuar a sonhar com a Champions”, referiu.

A visão sobre a saída de Enzo

O tema Enzo Fernández foi, obviamente, tema de conversa com o Sapo24, nomeadamente a sua controversa saída no mercado de janeiro, quando quase já ninguém esperava.

121 milhões de euros, a verba que o campeão mundial pela Argentina custou ao Chelsea. Mais uma venda acima dos 100 milhões, o que torna o Benfica recordista mundial, sendo o único clube até ao momento que realizou duas transferências de três dígitos, primeiro João Félix para o Atlético de Madrid e agora Enzo Fernández. Números impressionantes, mas que foram difíceis de 'engolir', tanto pelo presidente Rui Costa, como pelos adeptos.

Rui Costa confessou mesmo que “fez de tudo” para segurar o médio até final da temporada, “pagando-lhe” o mesmo que iria receber no Chelsea. Mas admite também que acabou por deixar que o negócio se concretizasse por pressões do próprio futebolista.

Javier Saviola, que passou também por clubes de excelência, como o Barcelona, onde agora é treinador das camadas jovens, contudo, entende o lado do futebolista. “Não era fácil, tanto para o clube, o Benfica, como para o jogador. Hoje em dia há muita pressão junto dos futebolistas, seja do clube que o quer, como das pessoas que andam à sua volta. Não era fácil dizer que não a uma oferta como a do Chelsea. Uma lesão poderia travar um contrato milionário. E atenção que no caso do Enzo não é apenas um contrato, mas também um grande clube que estava atrás dele”, disse Saviola ao Sapo24, explicando depois as razões que vê para que Enzo tenha saído já em janeiro.

“Vai ter quase meia época de adaptação a uma nova realidade. Se fosse em julho poderia sentir mais dificuldades e assim vai iniciar a próxima época a um ritmo totalmente diferente. Depois há a questão também das lesões. O clube, Chelsea, poderia não avançar para o Enzo, ou outro qualquer, se ele se lesionasse até final da temporada. Agora tem um contrato certo. Depois há ainda, claro, a sua enorme qualidade. É um médio impressionante, que faz tudo no meio campo. Não é normal um clube investir tanto dinheiro em janeiro, mas o Chelsea sabia que não o podia perder, que não poderia correr esse risco e fez tudo para o levar já. Infelizmente para o Benfica seria praticamente impossível segurá-lo. O Rui Costa não podia fazer mais nada para segurar o Enzo”, assinalou.

Javier Saviola, como ex-jogador, conhece a realidade encarnada e também entenderia se Enzo tivesse optado por continuar de águia ao peito. Saiu, mas o compatriota diz que mais seis meses em Lisboa também foram, certamente, analisados pelo agora nº5 do Chelsea.

“Todos os jogadores querem terminar projetos, ainda por cima projetos no Benfica, onde até estava a correr bem. São líderes no campeonato, fizeram uma grande fase de grupos na Liga dos Campeões e o Enzo foi determinante. Acabou por entender que o melhor seria sair, mas certamente ponderou ficar e gostaria de ter ficado, não tenho dúvidas. Por tudo o que já demonstrou, saberia que no final da época, o Chelsea ou outro clube, se nada corresse mal, acabaria por apresentar uma nova proposta. Foi uma opção, o Benfica tem de entender e seguir em frente. Por tudo o que se passou, acredito que a solução final foi a melhor para os dois lados”, referiu o astro que brilhou no Benfica ao lado do seu grande amigo Pablo Aimar.

O sucesso de Enzo Fernández no Benfica, assim como de outros jogadores sul-americanos, não surpreende Javier Saviola, que desde que envergou a camisola da equipa portuguesa não mais deixou de seguir a realidade do clube. “Atualmente o Benfica é visto como um dos que melhor forma em todo o mundo. São muitos os exemplos nas últimas décadas e eu presenciei a forma como trabalham. É tudo muito profissional e tudo pensado para os jogadores. O sucesso de Enzo e de outros é sinal disso mesmo. Hoje em dia, sobretudo pelos mais jovens e pelas pessoas que os aconselham, o Benfica é visto como um destino que todos querem. É o clube certo para crescer, Enzo que o diga”, disse o argentino.

Quanto ao futuro imediato dos encarnados, mesmo sem o seu compatriota, Saviola acredita que será escrita uma história de sucesso.

“O campeonato português é muito competitivo e todos os anos o Benfica luta por vencer. O FC Porto também é muito forte, assim como o Sporting. O Benfica este ano está fortíssimo, demonstrou isso mesmo na Liga dos Campeões, frente ao PSG e à Juventus. Houve agora a saída de Enzo, mas todos os anos têm saído grandes jogadores e todos os anos o Benfica encontra um outro com talento. É isso que vai acabar por acontecer, tenho a certeza. Torço pelo Benfica e acredito que este ano vão regressar aos títulos”, concluiu o argentino.