1. Paços de Ferreira (1990/91)

Jogo da Subida: P. Ferreira 0x1 Portimonense (Jornada 35 de 38, a 05/05/1991)

Foi na Capital do Móvel que Vítor Oliveira conheceu pela primeira vez o sabor de uma subida de divisão, ainda com 37 anos. A vitória valia apenas dois pontos em 1990/91, na única temporada em que o treinador confirmou a promoção com uma derrota, beneficiando de resultados em campos alheios. Não foi por esse percalço que a festa se deixou de fazer, com a escola de samba de Ovar a desfilar no relvado sempre que a bola não rolava. No plantel dos pacenses figuravam um jovem Adalberto, um tal de José Mota (esse mesmo), e a dupla de búlgaros composta por Yulian Spassov e pela estrela da companhia, Radoslav Zdravkov.

  1. Académica (1996/97)

Jogo da Subida: Académica 3x0 Estoril (Jornada 33 de 34, a 01/06/1997)

No primeiro dia de Junho de 1997, Vítor Oliveira ajudou a escrever uma das páginas mais bonitas da história da Associação Académica de Coimbra. Perante mais de 20 mil adeptos e dez anos depois da descida e do caso N'Dinga (imbróglio judicial que se prolongou nos tribunais até 2012, com a decisão a ser desfavorável para os estudantes), a Académica conseguia finalmente regressar aos principais palcos do futebol nacional. Até então, os estudantes apresentavam-se sempre como candidatos crónicos à subida de divisão, mas falhavam invariavelmente nas últimas jornadas. Na memória de quem viveu este episódio ficaram os contributos decisivos de Pedro Roma, Albertino, Pedro Miguel Rocha, Jorge Silva, Mickey, Dinda ou Miguel Bruno.

  1. U. Leiria (1997/98)

Jogo da Subida: Sp. Espinho 1x2 U. Leiria (Jornada 32 de 34, a 03/05/1998)

Logo a seguir ao sucesso em Coimbra, Vítor Oliveira rumou até Leiria, com o objectivo de replicar o feito. O arranque não foi famoso, tendo somado apenas um triunfo nos primeiros oito encontros. Contudo, uma segunda volta exemplar virou o jogo a favor da equipa do Lis, que consumou a subida de divisão na antepenúltima jornada, numa partida sui generis em Espinho que durou somente 71 minutos. O árbitro Martins dos Santos decidiu expulsar dois jogadores do conjunto anfitrião aos minutos 38’ e 58’. Esta última ação disciplinar despoletou contestações furiosas da parte de outros dois futebolistas do Sp. Espinho, que viram igualmente o cartão vermelho. Reduzido a sete elementos com uma hora de jogo, o treinador da casa Edmundo Duarte reagiu aos acontecimentos com três substituições de uma assentada. Poucos minutos depois, verificou-se uma lesão impeditiva num atleta do Sp. Espinho, e o árbitro viu-se forçado a dar o jogo por terminado. Nota final para os contributos de Jorge Silva e Dinda, dois centrocampistas que já faziam parte do plantel de Vítor Oliveira na Académica, e em que o técnico decidiu confiar novamente a subida.

  1. Belenenses (1998/99)

Jogo da Subida: U. Madeira 0x1 Belenenses (Jornada 32 de 34, a 16/05/99)

Vítor Oliveira fechou a década de 1990 em beleza com a sua terceira subida de divisão consecutiva, desta vez no clube do Restelo. Começou a sua temporada já na Primeira Liga, ao serviço do Sp. Braga, só que duas vitórias em onze jogos ditaram a sua saída dos arsenalistas. Surgiu de imediato o convite do Belenenses, para substituir Manuel Cajuda, técnico que havia assumido o percurso inverso, rumo a Braga. Os azuis do Restelo situavam-se na quinta posição à 14ª jornada, e o ‘rei das subidas’ tratou de resolver o assunto, juntamente com figuras icónicas do clube como Tuck, Marco Aurélio, Paulo Cabral, Rui Gregório ou Filgueira. Garantiu matematicamente a promoção na Madeira, através de um triunfo que empurrou o União para a II Divisão B. A partida não foi fácil, mas a velocidade de João Paulo Brito, e a frieza de Brandão (reforço de Inverno determinante) ajudaram.

  1. Leixões (2006/07)

Jogo da Subida: Olivais e Moscavide 1x2 Leixões (Jornada 29 de 30, a 13/05/2007)

Porventura uma das subidas mais emocionais para Vítor Oliveira, ele que é natural de Matosinhos e fervoroso sócio do Leixões. Na penúltima ronda, três mil adeptos leixonenses marcaram presença no jogo decisivo, em Moscavide, celebrando uma conquista revestida uma importância suplementar, uma vez que coincidia com o ano de centenário do emblema matosinhense. A contenda acabaria resolvida naturalmente pelo avançado Roberto, melhor marcador da prova em 2006/07 com 17 golos. A lista de notáveis compreende também os nomes de Beto, Élvis, Hugo Morais, Nuno Amaro, Jorge Duarte e Jorge Gonçalves, entre outros. Curiosamente, o efeito Vítor Oliveira alastrou-se pelo concelho de Matosinhos, onde mais quatro emblemas subiram de escalão na mesma temporada, para além do Leixões (Lavrense, Padroense, Senhora da Hora e Leça).

  1. Arouca (2012/13)

Jogo da Subida: Arouca 3x0 U. Madeira (Jornada 41 de 42, a 12/05/2013)

Para o conjunto arouquense, tudo começou em 2006, aquando da conquista do título de campeão da Primeira Divisão da Associação de Futebol de Aveiro. Sete épocas e quatro subidas depois dos distritais, o Arouca confirmou o acesso à Primeira Liga pelas mãos de Vítor Oliveira, e até agora, não mais abdicou de competir no principal escalão. “A estrada para cá parece uma pista de karting, mas as pessoas são sérias”, revelava bem-humorado Joeano, melhor marcador da Segunda Liga em 2012/13, com 24 remates certeiros. A simpática vila de 3 mil habitantes, conhecida pelo pão-de-ló e pela vitela, entrou com uma goleada no mapa futebolístico nacional. Os golos de Joeano ajudaram, mas também Mika, Serginho, Miguel Oliveira e Luís Pinto assumiram um papel determinante na caminhada.

  1. U. Madeira (2014/15)

Jogo da Subida: Oriental 0x3 U. Madeira (Jornada 46 de 46, a 24/05/2015)

Depois de fazer a festa da subida em duas ocasiões diferentes diante do U. Madeira (Belenenses em 1998/99 e Arouca em 2012/13), as celebrações couberam mais tarde aos madeirenses, naquela que foi a promoção mais sofrida de Vítor Oliveira. À entrada para a derradeira jornada, cinco equipas lutavam pelos dois lugares da subida (Tondela, Sp. Covilhã, U.Madeira, Desp. Chaves e Feirense). Ganhar em Lisboa no último jogo, no campo do Oriental, podia não ser suficiente para cumprir o objectivo. Ao minuto 90’, venciam confortavelmente os orientalistas por 0-3, mas a combinação de resultados verificada nas outras partidas era desfavorável. Até que, nos últimos segundos do tempo de compensação, um golo do Tondela em Freamunde empurrou os madeirenses para a Primeira Liga. Uma subida festejada entusiasticamente por um plantel composto por vários jogadores da ilha e também por Dolores Aveiro, mãe de Cristiano Ronaldo e conhecida adepta do U. Madeira.

  1. Desp. Chaves (2015/16)

Jogo da Subida: Portimonense 1x1 Desp. Chaves (Jornada 45 de 46, a 07/05/2016)

Vítor Oliveira começou a sua carreira de treinador no Estádio Municipal de Portimão, em 1986/87, ao serviço do Portimonense, e foi nesse mesmo local que iria consumar a sua oitava subida à Primeira Liga, trinta anos mais tarde. Uma promoção ultimada no terreno de um dos principais competidores da prova, a 800 quilómetros de distância de Chaves. Braga, Nélson Lenho, Fábio Santos e António Filipe, são algumas das peças-chave desta conquista que ainda podemos ver no atual plantel flaviense, e que continuam a destacar-se, agora no primeiro escalão. “Cada vez gosto mais destes momentos. Habituámo-nos e a satisfação vai aumentando”, confessa Vítor Oliveira na ressaca do empate em Portimão, dando a entender que ainda não se cansou de ser o ‘rei das subidas’.

Em 2016/17, o título de campeão da Segunda Liga pode ainda ser incerto, com o Clube Desportivo das Aves bem próximo, mas a subida anunciada do Portimonense Sporting Clube é somente uma questão de tempo até se confirmar. Agora se será a mais folgada de sempre, digamos que é provável que assim seja. Caso aconteça daqui a duas rondas, em Viseu, estaremos perante um novo recorde de Vítor Oliveira, ao garantir novo lugar na Primeira Liga, com quatro partidas por disputar, batendo a anterior marca conseguida no P. Ferreira (três jornadas), em 1990/91.