Uma fã taiwanesa foi, segundo o The Guardian, impedida de se manifestar a favor do seu país durante um jogo de Badminton entre Taiwan e a China, nos Jogos Olímpicos.
Angelina Yang, que sabia da impossibilidade de levar bandeiras nacionais ou mensagens políticas para dentro do recinto desportivo de Paris 2024, estava feliz por apoiar os seus compatriotas nas olimpíadas. Como forma de apoio, Yang escreveu em chinês "jiayou Taiwan", o que em português quer dizer "Vai Taiwan", num cartaz.
O que não esperava é que, quando exibisse a mensagem, fosse imediatamente cercada por seguranças. “Eu ainda estava a segurar o meu cartaz e o segurança continuou a falar com um colega de trabalho no walkie-talkie. Depois disso, havia um homem, eu [acho] que ele é chinês, que ficou à minha frente para tapar o cartaz", contou Angelina.
A maior surpresa veio quando o segurança arrancou, efetivamente, o cartaz das mãos da taiwanesa. “Fiquei realmente surpresa. E fiquei muito triste e chateada ao mesmo tempo”, disse Yang. “Não estamos a fazer nada errado. Por que somos tratados assim?”, retorquiu.
Após o incidente, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan descreveu o ato como "violento" e "contra os valores olímpicos da amizade e do respeito". Consequentemente, o departamento solicitou uma investigação às autoridades francesas. Em resposta, o Comité Olímpico Internacional (COI) disse que as regras a proibir faixas deste tipo durante a competição eram "muito claras”.
Com o apoio do representante de Taiwan em França, Yang planeia apresentar queixa pelo sucedido. A jovem afirmou que as regras atuais são “um absurdo” e que espera que possam mudar em breve. “Espero que nos Jogos Olímpicos possamos apoiar a nossa equipa assim como outras pessoas podem”, disse. “Seguimos as regras, mas por que não podemos trazer o nosso próprio cartaz que seja neutro e apolítico? É tudo o que eu quero, e tudo o que espero que o povo taiwanês possa fazer”.
Uma polémica antiga
Durante décadas, os atletas olímpicos de Taiwan — isto é, a República da China — tiveram que competir sob o nome de equipa “Taipé Chinês”, uma regra rigorosamente aplicada pelo COI. As regras são frequentemente atribuídas devido à pressão que o governo do Partido Comunista Chinês, que reivindica Taiwan como território chinês, exerce sobre a organização.
No entanto, o nome “Taipé Chinês” também remonta aos antigos governantes autoritários de Taiwan, que durante muitos anos competiram com Pequim para representar oficialmente a China no cenário internacional.
Agora, Taiwan é uma das três equipas cuja bandeira é proibida nos Jogos Olímpicos. Sob pressão aparente da China, o COI recusa-se a deixar Taiwan entrar com o seu nome nacional. Os Estados Unidos da América já descreveram esta posição como "irracional".
O incidente com a jovem de Taiwan foi um dos vários, já ocorridos em Paris, que geraram revolta entre os taiwaneses, em relação às regras olímpicas que restringem as formas como estes podem torcer pela sua seleção.
Criatividade para o fazer, no entanto, não faltou. Como explica o The Guardian, numa das finais de badminton, um cartaz celebrava Taiwan como a "terra do chá de bolhas (o conhecido 'bubble tea')". Já outro representava "Taiwan" com fotografias de comidas tradicionais do país.
Sandy Hsueh, presidente da Associação Taiwanesa em França, disse que foi mesmo informada de que "qualquer coisa relacionada a Taiwan ou a mostrar Taiwan não podia aparecer". Hsueh refletiu ainda sobre as queixas falsas apresentadas por cidadãos chineses à segurança do evento.
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