A portuguesa Yolanda Sequeira Hopkins foi hoje eliminada nos quartos de final da primeira prova olímpica de surf pela sul-africana Bianca Buitendag.
A jovem algarvia, de 23 anos, terminou a competição no quinto lugar, ao conquistar 5,46 pontos (3,93 e 1,53), no primeiro ‘heat’ da eliminatória, que foram insuficientes para bater Buitendag, que contabilizou 9,5 (6 e 3,5).
Na estreia do surf em Jogos Olímpicos, o balanço é, ainda assim, bastante positivo para o surf nacional: Yolanda Sequeira assegurou um diploma olímpico, enquanto Teresa Bonvalot terminou na nona posição, após ter sido eliminada na terceira ronda pela brasileira Silvana Lima. O terceiro elemento da comitiva, Frederico Morais, não chegou a embarcar para Tóquio por ter testado positivo à Covid-19.
As competições de surf, que decorrem em Chiba, a cerca de 100 quilómetros de Tóquio, ficarão hoje concluídas, tendo sido antecipadas de quarta para esta terça-feira, devido a uma tempestade tropical que se aproxima da praia de Tsurigasaki.
"Sei que o meu surf é suficiente para chegar lá acima. Não foi desta, será da próxima”
“Já recebi um diploma nos primeiros Jogos Olímpicos com surf e estou muito feliz com isso. Sou muito competitiva e vim com o pensamento no ouro, não vim fazer mais nada. Acabei por cair um bocadinho atrás, mas estou muito feliz com o meu desempenho. Sei que o meu surf é suficiente para chegar lá acima. Não foi desta, será da próxima”, disse a jovem algarvia, no final da prova, aos jornalistas.
“Estava um bocadinho difícil lá dentro, com a maré vaza. As ondas formavam e rebentavam logo. A Bianca apanhou uma que levantou um bocado de parede e deu-lhe a oportunidade para fazer mais do que uma manobra, que foi o que me faltou”, lamentou, depois de não ter conseguido aproveitar uma prioridade superior a 10 minutos.
Na hora da despedida, o agradecimento a todos os que a têm apoiado, até nas suas necessidades mais básicas de sobrevivência, e a confiança de que após este desempenho possam surgir os apoios necessários para atingir um patamar mais elevado no surf.
“Tive muitas dificuldades na minha vida, o meu treinador (John Tranter) ajudou-me muito. Vivo em casa dele. Viu o meu potencial. É como a minha família. Tive muitas dificuldades, alturas em que até foi complicado arranjar dinheiro para comer”, recordou.
A atleta, que até agora tem o melhor resultado de Portugal em Tóquio2020, a par da judoca Catarina Costa (-48 kg), espera que surjam interessados em apoiar, de forma sustentada, a sua carreira, que, até ao momento, tem contado com a ajuda de muitos donativos de particulares que conhecem a sua história.
“Se alguma vez parasse de surfar, era por falta de dinheiro. Espero que depois de representar Portugal desta forma possa vir a ter mais oportunidades de me realizar, fazer o que gosto e ter apoio concreto atrás de mim”, disse a surfista nascida em faro, confiando que 50.000 euros lhe permitam fazer “o mínimo dos mínimos” no desejado World Championship Tour.
Agora que terminou Tóquio2020, o seu pensamento já está em Paris2024, na praia de Teahupoo, no Tahiti. “Quero e vou qualificar-me. Estou muito entusiasmada para isso e vou treinar. Quero levar a minha melhor ‘performance’ para lá”, concluiu.
[Notícia atualizada às 06h12]
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