A proposta, assinada pelo grupo chinês Fosun, o maior acionista do BCP, a petrolífera angolana Sonangol e o Fundo de Pensões do Grupo EDP, propõe Miguel Maya (atual vice-presidente executivo) para presidente executivo (CEO), substituindo Nuno Amado, e que este passe a presidente do Conselho de Administração (‘chairman’, não executivo).
Nuno Amado chegou ao BCP em 2012 vindo do Santander Totta, tendo os seus mandatos sido marcados por momentos conturbados, em anos de crise económica e financeira (inclusivamente bancária) e de maiores exigências regulatórias.
Já Miguel Maya (que atualmente é vice-presidente executivo) está no BCP desde a década de 1990, há mais de 20 anos, conhecendo bem os cantos da casa que vai gerir.
Nos últimos anos, Miguel Maya (que é licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE, em Lisboa) acompanha de perto a área de crédito, nomeadamente a gestão do crédito em recuperação e crédito malparado que o banco tem em carteira.
Contudo, para que Miguel Maya assuma funções é necessária ainda uma autorização do Banco Central Europeu (BCE), pelo que mesmo que hoje seja aprovado pelos acionistas a sua escolha ainda tem de esperar pela conclusão da avaliação de Frankfurt.
Além de Miguel Maya, os acionistas Fosun, Sonangol e o Fundo de Pensões do Grupo EDP propõem que a comissão executiva seja composta por Miguel Bragança (foi para o BCP em 2012, desde o Santander Totta), João Nuno Palma (foi administrador da Caixa Geral de Depósitos até 2016 e é do BCP desde 2017), José Miguel Pessanha e Rui Teixeira (ambos com carreira feita no BCP) e ainda Maria José Campos (quadro do BCP, ligada ao banco Millennium na Polónia).
Já para administradores não executivos são propostos onze nomes. Além de Nuno Amado como presidente conselho de administração, o destaque vai para a entrada do presidente da Fidelidade, Jorge Magalhães Correia, em representação da Fosun, que, além do BCP, detém também esta seguradora.
Os outros administradores não executivos propostos são Ana Paula Gray (com experiência em banca em Angola, representando o acionista Sonangol), Lingjiang Xu (ligado à Fosun), Xiao Xu Gu (administradora do grupo Fosun), Teófilo Ferreira da Costa (até 2017 diretor do grupo CGD) e José Manuel Elias da Costa (secretário de Estado em governos PSD de Cavaco Silva, trabalhou no Santander Totta e desde 2016 consultor do Banque de Dakar, Senegal).
Dos onze administradores não executivos há ainda quatro que são também propostos membros do Conselho de Auditoria: Norberto Rosa (quadro do Banco de Portugal, secretário de Estado do Orçamento nos governos de Cavaco Silva e Durão Barroso e administrador da CGD entre 2004 e 2013), proposto como presidente da Comissão de Auditoria, Cidália Lopes (professora do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, que já pertencia a este órgão social), Valter Barros (com experiência na banca em Angola, até 2017 consultor do Ministério das Finanças de Angola) e Wan Sin Long.
Os acionistas do BCP terão de decidir também hoje se concordam que o mandato do Conselho de Administração do BCP passe dos atuais três para quatro anos, votar as contas de 2017, em que o BCP teve lucros de 186,4 milhões de euros, bem acima dos 23,9 milhões do ano anterior, e uma proposta para o pagamento extraordinário de 4,9 milhões de euros para os fundos de pensões dos atuais administradores executivos do banco.
O BCP tem como principal acionista o grupo chinês Fosun, com 27,06% do capital social, sendo a petrolífera angolana Sonangol o segundo maior acionista, com 19,49%, segundo a página do banco na Internet. Já o Grupo EDP tinha 2,11% do capital social.
Em conjunto, estes três acionistas, que levam à assembleia-geral a proposta dos novos membros do Conselho de Administração, têm mais de 48% dos direitos de voto.
Ainda segundo informações divulgadas ao mercado, em fevereiro, o fundo de investimento norte-americano BlackRock tinha 2,73% do BCP e o Norges Bank 1,76%.
A reunião magna de hoje está marcada para as 14:30 (hora de Lisboa) no Taguspark, em Oeiras.
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