“Tivemos quebras na ordem média de 60 a 70 e poucos por cento este ano, mas com diferenças regionais importantes, ou seja, o Algarve teve um pouco menos”, salientou hoje à agência Lusa o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP).
De acordo com Eduardo Miranda, o setor ainda se encontra numa situação “bastante complicada”, prevendo que esta se prolongue por “uns bons meses”.
“As zonas de cidade continuam a não ter nenhuma recuperação. As cidades, os centros urbanos, tiveram quebras de 80% a 90% e em quase todos os destinos se agravou a partir de outubro, ou seja, as próprias zonas de praia já têm uma quebra a acrescentar a esta crise”, indicou.
Recordando as quebras na procura devido ao turismo internacional, o presidente da ALEP explicou que os operadores não foram obrigados a “fechar administrativamente”, mas sim por falta de clientes.
“O próprio turismo nacional – que já representa 30% – foi talvez um pequeno balão de oxigénio nos meses de agosto e setembro, mas também caiu”, realçou Eduardo Miranda, relembrando que “houve restrições grandes durante esse período”.
Questionado sobre o encerramento de espaços por causa da crise pandémica, o presidente da ALEP avançou que houve casos de empresários que migraram para o setor do arrendamento e outros que deixaram os negócios.
“Tivemos uma boa parte que migrou para o arrendamento, não é uma parte significativa e é importante que não seja, porque a nossa principal missão é manter a maior parte das operadoras no turismo. O alojamento local representa 40% das dormidas turísticas nacionais e nos centros urbanos representa 50% ou mais”, disse.
O presidente da ALEP explicou que as ‘guest houses’ [hotéis de baixo custo] e os ‘hostels’ estão numa situação delicada de sobrevivência.
“É preciso equilibrar, mas alguns não conseguem. Infelizmente não conseguem recuperar depois de um ano praticamente sem faturação”, lamentou, acrescentando que têm surgido apoios, como o microcrédito e o ‘lay-off’.
Eduardo Miranda precisou que, desde março, a ALEP tem estado envolvida com a Confederação do Turismo para procurar soluções e apoios para o setor. Segundo o dirigente, o ‘lay-off’ foi fundamental para a sobrevivência das empresas.
“Houve uma série de programas — e ainda há – que sem eles seria quase inviável manter a atividade, não só a de alojamento local, mas outras atividades. Agora é a fase de ser mais seletivo e ajudar quem realmente precisa”, explicou, observando que os pequenos espaços sem funcionários não tiveram acesso a qualquer microcrédito do Turismo de Portugal.
O presidente da ALEP defendeu que os empresários em nome individual em geral têm um papel muito importante no turismo e na economia.
Relembrando as declarações proferidas à Lusa em 05 de junho, em que o empresário vislumbrava “uma luz ao fundo do túnel” na época de verão, Eduardo Miranda afirmou que a retoma vai ser muito gradual e essa luz não virá no Natal e no Ano Novo.
“No início da pandemia havia um excesso de otimismo ingénuo de que as coisas a partir do verão iam começar a melhorar. O que se registou é que, sim, houve o tal balão de oxigénio, mas só foi durante algumas semanas – três/quatro semanas -, entre meados de agosto e início de setembro, que foi importante especialmente para zonas de praia e no interior, não teve impacto nas cidades”, lembrou.
Eduardo Miranda acrescentou que as cidades continuaram a ter quebras “enormes”, porque “estiveram praticamente paralisadas”.
“A luz ao fundo do túnel vem das vacinas. Acreditamos que vai ser uma coisa muito gradual, porque a vacinação é primeiro para aquelas camadas mais fragilizadas, que não são o público alvo de viagem”, concluiu.
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