Lançado em 18 de março de 2016, o Banco CTT conta atualmente com cerca de 600 mil clientes e atingiu, no ano passado, o primeiro resultado líquido positivo, de 200 mil euros.
“Ao fim de cinco anos demos lucros, chegámos ao ‘break-even’ [equilíbrio]”, afirmou Luís Pereira Coutinho, salientando que isso é “um grande motivo de satisfação para toda a equipa do banco” e todos “estão verdadeiramente orgulhosos”.
Estas metas foram atingidas “porque temos um modelo de banco que é bastante distintivo e bastante resiliente, mesmo num ano pandémico conseguimos atingir os nossos objetivos todos que tínhamos para este período do plano estratégico”, salientou o gestor.
“O banco vai ter um ano 2021 com grandes progressos, estou muito confiante nisso”, sublinhou, quando questionado sobre as perspectivas.
Ao fim de cinco anos de atividade, “atingimos 2.000 milhões [de euros] de ativos, 2.100 milhões de recursos de clientes, entre depósitos e produtos de poupança, 1.100 milhões de crédito e atingimos 66 milhões de produto bancário, arrancámos com zero”, prosseguiu Luís Pereira Coutinho.
O crédito à habitação conta com 525 milhões de euros, o crédito automóvel 560 milhões de euros, os depósitos contabilizam 1.688 milhões de euros e 429 milhões de euros ‘off-balance’ (fora de balanço).
A quota do crédito à habitação do banco dos Correios de Portugal ronda os 1,5%.
“Estamos em 210 lojas dos CTT e depois temos duas próprias, são só do banco”, em Lisboa e no Porto, adiantou.
De acordo com Luís Pereira Coutinho, em termos de dimensão da rede física do Banco CTT o processo está concluído, agora a evolução é digital.
Mais de metade (cerca de 53%) dos clientes do Banco CTT usam os canais digitais, sendo que também mais de metade são da geração ‘millennials’.
Relativamente às moratórias, no final do ano passado o peso era de “3,6% do total” do crédito do banco.
“É essencialmente em crédito à habitação, portanto é um peso muito baixo no total da carteira e num produto de crédito onde o risco é bastante mais baixo”, acrescentou Luís Pereira Coutinho.
Apontou que o crédito à habitação “é hoje um produto com bastante menos retorno do que tinha há três ou quatro anos”.
Nesse sentido, “hoje em dia estamos a reposicionar o banco mais nos produtos de crédito pessoal do que no crédito à habitação”, disse o presidente executivo do Banco CTT.
Questionado sobre o desempenho do banco em 2020, marcado pela pandemia, Luís Pereira Coutinho contou que durante o primeiro confinamento (exatamente há um ano) achou que teria “um ano perdido”.
No entanto, “tivemos um segundo semestre absolutamente espetacular”, salientou.
“Temos uma grande capacidade e agilidade de adaptação e o terceiro e quarto trimestres foram excelentes e, portanto, conseguimos fazer aqui uma ótima recuperação”, considerou, apontando que mostra “que este modelo de negócio, sendo distintivo, é resiliente porque mesmo em condições adversas resiste bem”.
O Banco CTT tem como objetivos para os próximos anos manter o modelo de banco simples e competitivo, manter a aposta de parcerias sustentáveis nas diversas frentes – distribuição, oferta de produtos, parte operacional e tecnológica – e evoluir na oferta de produtos digitais e ter níveis de rentabilidade acima da média do mercado, de acordo com o gestor.
Moratórias serão problema para banca consoante evolução económica
O presidente executivo do Banco CTT afirmou que as moratórias "serão ou não" um problema para a banca em função da evolução económica e considerou que o atual contexto "incentiva a consolidações" no setor.
Questionado sobre o impacto das moratórias nos bancos, o presidente do Banco CTT adiantou que estas "não são o problema", mas antes "um sintoma de um problema".
Trata-se de um "problema de natureza económica, é a saúde económica do país" em que um dos sintomas "reflete-se na banca através das moratórias ou através de crédito em incumprimento", prosseguiu Luís Pereira Coutinho.
"E por isso eu acho que o tema das moratórias, será ou não será um problema para a banca em função do que acontecer à evolução da economia", considerou o gestor.
Se a economia conseguir "ter uma boa recuperação, se estes fundos europeus forem bem aplicados e conseguirem criar aqui uma onda positiva de recuperação económica, acho que as moratórias não constituirão um problema para o setor", disse.
Mas "se empurrarmos os problemas com a barriga e continuarmos com a economia completamente anémica, o problema das moratórias vai refletir-se nos balanços dos bancos", salientou o presidente executivo do Banco CTT.
Para Luís Pereira Coutinho, a baixa das taxas de juro vai manter-se "por algum tempo" e, portanto, é um "contexto bastante difícil para a banca".
O setor vive "um contexto regulatório cada vez mais apertado no sentido em que traz mais custos à banca e com exigências de capital cada vez mais elevadas", a par de uma economia "com crescimento bastante anémico".
Nesse sentido, "a vida para o setor bancário é difícil", considerou, salientando que estes são "os ingredientes para consolidações".
Agora, "se vão acontecer ou não, não faço ideia", rematou Luís Pereira Coutinho.
No entanto, admitiu que o atual contexto "incentiva consolidações", sejam elas entre bancos do mercado ou absorções de bancos por bancos europeus, nomeadamente espanhóis.
"Acho que isso vai estar em cima da mesa", considerou Luís Pereira Coutinho.
No caso do Banco CTT, o presidente executivo disse que a linha orientadora é de crescimento orgânico e com parcerias, embora a instituição não deixe de estar atenta a oportunidades que possam aparecer.
"Existem todas as condições para uma grande retoma económica"
Luís Pereira Coutinho disse que "existem todas as condições para uma grande retoma económica" em Portugal se "forem bem aproveitadas as condições que existem".
Questionado sobre para quando a retoma económica em Portugal, o gestor apontou o próximo ano, se as condições que existem forem aproveitadas.
"Eu acho que existem todas a condições para uma grande retoma económica se forem aproveitadas todas as condições que existem", afirmou o presidente executivo do banco do grupo CTT.
Isto porque "existe muita liquidez no mercado, muita poupança nas famílias, existem fundos europeus que podem ser muito bem aplicados", argumentou.
Agora, "o que é preciso é que a capacidade do investimento que esses fundos europeus proporcionem gere uma onda de confiança e de entusiasmo nos agentes económicos, nos investidores, privados, empresas, públicos", prosseguiu Luís Pereira Coutinho.
"As condições estão todas cá, nós sobrevivemos à pandemia e as pessoas estão desejosas de poder relançar os seus negócios, os seus investimentos, seus projetos, os seus planos", considerou.
Por isso, "use-se bem o dinheiro da dita bazuca para sobretudo criar este entusiasmo e as condições para que este entusiasmo se reflita em investimentos concretos e eu acho que vamos ter uma grande recuperação económica a partir do ano que vem", afirmou.
Embora existam incertezas sobre o que vai acontecer nos próximos meses, nomeadamente com a evolução da pandemia, Luís Pereira Coutinho ressalvou que se trata de uma questão de confiança, se os agentes económicos tiverem confiança de que há um rumo, haverá investimento.
[Alexandra Luís, agência Lusa]
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